Curso de minhocultura do SENAR-SP ensina técnica que favorece o meio ambiente, gera economia nas despesas com adubo e pode gerar renda
Minhocas: amigas da natureza, elas transformam lixo em adubo
Elas fazem um trabalho silencioso, mas muito importante: transformam o lixo em um tipo de adubo excelente e totalmente natural. Sim, ao produzirem o húmus, as minhocas ajudam o meio ambiente tanto no processamento dos dejetos, evitando a contaminação do solo, da água ou do ar, quanto na geração de um fertilizante livre de produtos químicos. “A minhoca é um verdadeiro agente de transformação do lixo. Por isso eu sou um entusiasta do curso de minhocultura do SENAR-SP” declara o instrutor Armando de Melo, que ministrou as aulas sobre o tema em Biritiba Mirim.
O processo de reciclagem de resíduos orgânicos por meio da criação de minhocas é objeto de estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Esta linha de pesquisa avalia as propriedades do humus, que tem se mostrado capaz de melhorar os atributos químicos, físicos e biológicos do solo. A minhocultura utiliza duas espécies: vermelha-da-califórnia e a noturna-africana, que foram introduzidas no Brasil em 1983. O húmus pode ser utilizado na agricultura em geral, jardinagem, paisagismo e viveiros. Pode ser aplicado em covas, sulcos, bandejas, sementeiras e vasos.
Em três dias do curso do SENAR-SP, os 12 alunos aprenderam desde o tipo de solo e topografia para a construção do minhocário, até o controle de fugas e como coletar e armazenar o humus. A técnica para montagem é simples, utilizando elementos disponíveis na propriedade, como bambu e tela. Em uma parte, ficam as chamadas matrizes, que comem vários tipos de sobras: palha, folhas, papel, papelão, do lixo de cozinha ou também de origem animal. “Se a pessoa tem um curral ou galinheiro, pode aproveitar esses resíduos, transformando-os em adubo para a horta, por exemplo”, diz Armando. Uma das alunas do curso, Jessica Rafaela Campos conta que destina à minhocultura “guardanapos, papelão, cascas de alimentos, borra de café, enfim, boa parte do que seria destinado ao descarte”. Ela abriu as portas de sua propriedade para o curso e está satisfeita com o minhocário recém-construído, pois encontrou destino adequado para o lixo gerado em sua chácara.
Na outra parte do minhocário, as espécies depositam o humus, resultante do que excretam. ”Uma minhoca come o seu próprio peso e excreta 75%”, ensina Armando. “Isso quer dizer que ela é uma máquina eficaz de produção de adubo; quanto maior a minhoca, mais ela come e mais ela produzirá humus”. No matrizeiro, é necessário fazer o controle da umidade, para que as condições sejam adequadas e não haja fuga das matrizes. Mas o processo todo é bastante simples, permitindo aos alunos iniciarem seus próprios criadouros.
Não é raro que o lixo nas propriedades rurais seja queimado, causando poluição ambiental. Porém, com um investimento pequeno – apenas a compra das minhocas – e uma técnica descomplicada, é possível reutilizar o lixo, gerando economia em adubos e diminuindo o impacto ambiental. “Se eu conseguir que cada aluno tenha um minhocário em sua casa, estarei muito satisfeito”, declara o instrutor. Segundo ele, o humus não tem prazo de validade, mas, quanto mais fresco, melhor para ser utilizado.
“Sempre temos procura por este curso, tanto é que montamos sob demanda”, afirma Aline Severino, coordenadora do SENAR-SP no Sindicato Rural de Biritiba Mirim. Ela destaca que as pessoas que buscam pela minhocultura têm a preocupação ambiental, com a destinação adequada do lixo, mas alguns também pretendem comercializar o produto obtido com a transformação dos resíduos. É o caso de Jessica que, além de utilizar as minhocas para processamento do lixo e na pesca, já planeja a comercialização. “Se a produção aumentar, penso em vender, pois o humus é um fertilizante muito apreciado”, diz. O produto pode ser comercializado em casas agropecuárias ou diretamente aos consumidores e, em grandes quantidades é comercializado a granel.
Para informações sobre cursos e programas do SENAR-SP, consulte o sindicato de sua região ou acesse faespsenar.com.br/cursos
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