Sustentabilidade: futuro da agropecuária
Por Tirso Meirelles, presidente do sistema Faesp/Senar-SP
O crescimento da agropecuária depende do enfrentamento de desafios ambientais, climáticos e normativos significativos para garantir a sustentabilidade a longo prazo. Essa preocupação norteou o desenvolvimento do Fórum de Sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), tendo como foco a atualização dos Sindicatos Rurais quanto à legislação.
A sustentabilidade na agropecuária é fundamental para assegurar a produção contínua de alimentos e outros produtos agrícolas sem comprometer os recursos naturais e a biodiversidade. Isso inclui práticas que conservam o solo, utilizam a água de forma eficiente, reduzem a emissão de gases de efeito estufa e promovem a saúde dos ecossistemas. A adoção de práticas sustentáveis é essencial não apenas para a preservação ambiental, mas também para a viabilidade econômica das propriedades agrícolas a longo prazo.
Nos últimos anos, ela tem sido um componente essencial nos acordos de comércio internacional e tem sido apontada, de certa forma, como um entrave para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (EU). Ao contrário do que alguns países da EU alegam, o setor agropecuário nacional é um dos mais preocupados com a preservação, com uma legislação que privilegia a proteção ambiental, em todos os biomas, e estimula o equilíbrio e a harmonia dos sistemas produtivos com o ecossistema.
O sistema de plantio direto, por exemplo, é uma técnica que minimiza o impacto no solo, ajudando a conservar a sua estrutura e a prevenir a erosão. Esse método também aumenta a retenção de água no solo e melhora a sua fertilidade a longo prazo. A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma abordagem que integra a produção agrícola, pecuária e florestal em uma mesma área. Essa integração promove a diversificação das atividades econômicas, melhora a eficiência do uso da terra e contribui para a redução da emissão de carbono. Já a rotação de culturas ajuda a manter a fertilidade do solo e a controlar pragas e doenças de forma natural. Alternar diferentes tipos de culturas reduz a necessidade de fertilizantes químicos e defensivos agrícolas, contribuindo para a saúde do solo e do meio ambiente.
A inovação tecnológica também desempenha um papel crucial na promoção da sustentabilidade na agropecuária. A adoção de tecnologias de precisão, como drones, sensores e softwares de gestão, permite um monitoramento mais eficiente das lavouras e pastagens, otimizando o uso de insumos e reduzindo o impacto ambiental. É necessário, entretanto, que essa tecnologia chegue aos pequenos produtores rurais, que representam a maioria no país, a fim de levar a agropecuária a um novo patamar.
Além disso, a biotecnologia tem contribuído para o desenvolvimento de culturas mais resistentes a pragas e doenças, reduzindo a necessidade de pesticidas. Nesse sentido, há um trabalho das entidades voltados ao setor, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Instituto Pensar Agro (IPA) e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), para a regulamentação da produção e uso de bioinsumos no Brasil.
Informação é a grande ferramenta para a construção de um setor cada vez mais ajustado às novas práticas e aos novos mercados. Dessa forma, além do Fórum de Sustentabilidade, a Faesp participou do Agro World Fórum, discutindo cases de sucesso, como o trabalho voltado ao empreendedorismo feminino no campo, desenvolvido pela Comissão Semeadoras do Agro, e apontando gargalos que afetam a agropecuária, como o financiamento agrícola e a logística, principalmente nas regiões mais afastadas dos grandes centros.
A sustentabilidade não é uma escolha, é uma condição para o futuro da agropecuária. Práticas sustentáveis, políticas públicas de incentivo e inovações tecnológicas estão transformando o setor, garantindo que ele possa continuar a alimentar a população mundial de maneira eficiente e responsável. O Brasil, com seu vasto potencial agrícola e recursos naturais, tem a oportunidade de liderar essa transformação, demonstrando que é possível aliar produção agrícola e conservação ambiental.
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