Programa de Viticultura do SENAR-SP impulsiona a produção de uvas em São Carlos
Produtores da agricultura familiar participam dos cursos de capacitação e aprendem teoria e prática desde o plantio até a comercialização
O Sindicato Rural de São Carlos vem fazendo um importante trabalho junto a produtores rurais da região por meio do Programa de Viticultura do SENAR-SP, com aulas práticas e teóricas em módulos apostilados que envolvem as diversas etapas de produção de uvas, desde a escolha da área a ser plantada, produção de mudas, implantação do vinhedo, manejo e tratos culturais, cuidados com doenças e pragas, colheita, pós-colheita, estudo do custo de produção, formas de comercialização e muitas outras.
O instrutor do Programa, Kleber Jorge Savio Chicrala, diz que para se tornar um produtor de uvas requer muito estudo, pois essa cultura é muito complexa e exige bastante dedicação do produtor. Ele exemplifica ao descrever como começa a implantação do vinhedo. “A gente começa pela escolha da área, explicando o que é a uva, os grupos de vitis, as condições climáticas, o que a gente tem de tomar de cuidado com granizo, chuvas… aí sim a gente vai falar de topografia do terreno, identificar tipos de solos, e auxiliar os alunos na escolha da melhor variedade a ser plantada”, diz. E não para por aí, pois o Programa de Viticultura tem sete módulos, sendo realizado um módulo por mês em uma Propriedade Demonstrativa. É um intenso processo de aprendizado teórico e prático de todos os estágios de produção até a comercialização.
Nos últimos anos o SENAR-SP e o Sindicato Rural de São Carlos formaram muitos viticultores, muitas vezes partindo de terrenos onde antes não havia nada, como no caso da família Laroza. Sebastiana Piccin Laroza vive na área que comprou do tio em 2003, e que ficou parada por um tempo até que Kleber a convidou para fazer um curso de agricultura familiar. Ela, o marido José e a filha participaram do curso e ficaram encantados com a ideia de produzir uvas. Participaram do Programa de Viticultura em 2018 e, desde então, o filho e a nora também passaram a trabalhar na plantação de uvas niágara – nas variedades rosada, branca e violeta. Apenas cinco anos depois de começar a cultivar, a propriedade já está alcançando este ano a marca de 6 mil pés em 1 hectare, com uma colheita de 17 toneladas.
Vale lembrar que o clima em São Carlos não é o ideal para o plantio das uvas, que costumam ser cultivadas em regiões mais frias, o que reforça a importância da capacitação dos produtores pelo SENAR-SP. Na propriedade dos Laroza a área das parreiras precisa ser telada para proteger a plantação do granizo, do sol e também do ataque de pássaros e abelhas por causa do cheiro e da doçura que atraem os animais. Sebastiana e José Laroza hoje são referência em produção de uvas com sua marca “Uvas Laroza” e em 2024 a família quer diversificar os tipos de uvas cultivados, além de comercializar geleias, sucos e vinhos.
Outra família que participou do Programa de Viticultura foi a dos produtores Egnaldo Donizete Garbuio e Regina Maria Zago Garbuio, que participaram das aulas do programa em 2020, e implantaram o parreiral no Sítio Santa Cristina, no bairro rural na Babilônia em São Carlos. O sítio vem de herança dos pais de Regina. O casal plantou inicialmente cerca 600 pés de uva da variedade niágara rosada e na primeira safra colheram por volta de 3.500 quilos de uva, comercializando por meio de venda direta aos consumidores. A propriedade, de pequeno porte, tem hoje na uva – com a marca “3G” – sua principal atividade, além da pequena criação de porcos, galinhas poedeiras, e vaca de leite, em pequena escala.
“Esse belo trabalho só é possível com o trabalho do Sindicato Rural de São Carlos e de toda sua equipe liderada pelo presidente do Sindicato, Olinto Fabbri Petrilli, e do coordenador Cláudio di Salvo”, explica o instrutor Kleber. “Pois, além do Programa de Viticultura, os sindicatos Rurais oferecem uma ampla variedade de outros cursos e programas de suporte ao empreendedor rural”, explica. Com os cursos do SENAR-SP, os pequenos e médios produtores conseguem se capacitar também de modo a melhor administrar suas propriedades para viabilizar um modelo de negócio elevando o nível técnico e econômico, o que leva à melhoria das suas condições de vida.
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