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Sondagem sobre os Impactos da Pandemia da COVID-19 nos Agricultores Familiares do Estado de São Paulo

30 de abril, 2020 - por FAESP/SENAR-SP

Sondagem sobre os Impactos da Pandemia da COVID-19 nos Agricultores Familiares do Estado de São Paulo realizada por técnicos da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, revela que, aproximadamente 43% dos produtores não relataram alterações significativas na produção. As alterações mencionadas com maior freqüência foram: dificuldade em obter insumos, mencionada por 22% dos entrevistados, e dificuldades com escoamento da produção (21%). Para o grupo de olericultores (358 entrevistados), a alteração mais mencionada foi a “dificuldade em escoar produção” (35%).

Aproximadamente 50% dos entrevistados relataram que os preços praticados para venda permaneceram estáveis. Por outro lado, cerca de 30% apontaram ligeira queda enquanto 10% apontaram forte aumento no preço de venda de seus produtos, sendo que 50% apontaram um ligeiro aumento no preço dos insumos.

Dos produtores entrevistados, 42% não apontaram mudanças na renda familiar, enquanto 36% relataram uma ligeira queda na renda familiar, sendo que 20% relataram forte queda na renda familiar. A causa da queda da renda se deu principalmente pela redução do volume de vendas da produção.

Sobre as compras governamentais, 20% dos produtores disseram já ter participado, esse número cresce para 41% quando analisados os olericultores e 37% dos fruticultores. Daqueles que não participaram das chamadas públicas, 12% do total de entrevistados demonstraram interesse em começar a participar agora. Dos fruticultores que antes não participaram, 32% gostariam de participar de novas chamadas e, dos fruticultores, 15% estão interessados em participar das compras governamentais.

Os principais entraves apontados para não participação durante a pandemia foram a falta das chamadas públicas nesse momento e dificuldade logística para distribuição de seus produtos.

Auxílio Emergencial e Crédito Rural

Em relação ao auxílio emergencial, instituído pelo governo Federal, 15% do total de entrevistados relataram já ter feito a inscrição e outros 16% declararam ter pretensão de ainda se inscreverem.

Dos dados obtidos em relação ao Crédito Rural, 40% dos agricultores familiares não apontaram interesse em obter crédito rural nesse momento. Por outro lado, outros 40% demonstraram interesse, sob juros e condições especiais. E quase 20% não souberam responder, diante das incertezas. Os que têm interesse demonstraram, majoritariamente, a faixa de crédito de até R$50.000.

Constatou-se que 79% dos entrevistados tem alguém do grupo de risco na família. Desses 70% são idosos e 30% são hipertensos. Pudemos constatar que 35% dos entrevistados relatam casos de COVID-19 no município em que residem e 10% tem algum conhecido que já teve a doença.

Modo de Vida

Em relação ao modo de vida, durante a pandemia, os agricultores familiares declararam, em 90% dos casos, estar cumprindo isolamento social e 50% deles estão sendo afetados pela falta de aulas nas escolas. Contudo 10% apontaram dificuldade em comprar alimentos, 10% relataram dificuldade em comprar gás de cozinha, e a falta de acesso à saúde básica foi relatada por 5%.

Aproximadamente metade do número de entrevistados ainda não se sente impactada pelas mudanças na produção, volume de vendas, preços de vendas causadas pela crise da COVID-19.

Os produtos verduras, legumes, frutas e leite, que foram os mais mencionados pelos entrevistados, estão entre aqueles com atual ocorrência de diminuição na demanda, até o momento, devido ao fechamento dos restaurantes, lanchonetes, locais turísticos, hotéis e com a paralisação e/ou revisão emergencial de políticas públicas de compras governamentais para alimentação escolar.

A maior parte dos entrevistados informou que não houve, até o momento da pesquisa, reflexos negativos consideráveis em suas atividades de produção de alimentos. Por outro lado, aqueles que mencionaram a ocorrência de alterações apontaram para dificuldades em obter insumos (em razão principalmente do aumento nos preços dos mesmos), e dificuldades para escoar a produção. Essas dificuldades variam de acordo com o tipo de atividade, estando presentes como principal queixa para a olericultura, piscicultura e silvicultura.

A quantidade significativa de relatos mencionando a ocorrência da forte queda na renda familiar pode ser relacionada principalmente com a redução do volume de vendas da produção, refletindo na diminuição de gastos com alimentação e saúde, desonra a pagamentos devidos a bancos/seguradoras ou para cobrir custos fixos de manutenção da propriedade (água, luz, telefone), renegociação de dívidas ou novos empréstimos.

Sondagem Sobre os Impactos da Pandemia da COVID-19 nos Agricultores Familiares do Estado de São Paulo

Autores:
Alexandre Mendes de Pinho
Carolina Darcie
Carolina Roberta Alves de Matos
Diogenes Kassaoka
Francisco Rodrigo Martins
João Brunelli Jr.
José Luiz Fontes

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