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Produção de ovos no Estado de São Paulo é a maior do país

23 de maio, 2022 - por FAESP

Investimento em tecnologia aprimora o processo e a qualidade

Assim como vários segmentos da agropecuária paulista, a avicultura de postura também vem evoluindo e crescendo em produtividade. Ovos de galinha são uma proteína mais barata em comparação a outras de origem animal e podem ser usados com versatilidade na culinária – essas duas características tornam o produto bastante atrativo para o consumidor.

Com a evolução da produção em larga escala para fins comerciais, cada vez mais novas técnicas e tecnologias vêm sendo estudadas e empregadas, a exemplo do aprimoramento genético das aves e suas linhagens, melhoramento de rações, climatização automatizada dos galpões, foco em bem-estar animal, melhores maquinários, além da própria administração operacional, qualificação da mão-de-obra e do planejamento das granjas.

A avicultura de postura se caracteriza por dois sistemas:

Tecnificado: caracteriza-se pela produção em maior escala, com maior emprego de tecnologia em genética animal, nutrição animal, maior estrutura física e logística.

Convencional: menor grau de tecnificação e menor escala de produção; mais comum entre pequenos produtores, com administração familiar e voltada para comércio regional

A inovação ocorre mais no sistema tecnificado, pois é nele que a tecnologia de ponta é introduzida, a fim de obter ganhos de produtividade, qualidade e escala. Contudo, nas duas situações há uma busca por inovação dos elos da cadeia produtiva, em um primeiro momento de maquinários e equipamentos, com a finalidade de aumentar a produtividade. Após a galinha colocar os ovos, é por meio da mecanização que eles podem ser imediatamente conduzidos para a linha de produção sem comprometer sua qualidade.

Uma granja emprega o melhor sistema de acordo com as características de sua infraestrutura e disponibilidade de capital. Por isso, cada modelo tem sua vantagem. Claro que um grande produtor que puder investir no sistema tecnificado deverá ter maior potencial de mercado. Por outro lado, o sistema convencional pode ter uma produtividade satisfatória com menor investimento, mas com menor complexidade no manejo.

Jorge Hiroki Miyakubo atua no setor de avicultura de postura desde 1992 no município de Bastos, no interior de São Paulo. Quando começou, ele tinha um sistema totalmente convencional e, com o tempo, foi procurando melhorar a automatização da granja até chegar a uma espécie de modelo “misto”. Segundo ele, a tecnologia empregada atualmente pelo setor é importante, sobretudo para prover uma climatização adequada à criação e melhorar a ambiência – o espaço em que as aves são alojadas para postura –, uma vez que o calor prejudica o bem-estar dos animais e faz cair a produção. “A minha granja não é climatizada como as mais tecnificadas, mas tem um sistema de ventilação eficiente e estou buscando melhorar. Já a retirada do esterco do galpão é totalmente automatizada, feita por meio de esteiras que conduzem os dejetos diretamente para um caminhão”, diz. O sistema de baterias na granja (onde as aves são alojadas) é climatizado em ambiente fechado, com nebulizadores e ventiladores externos para tirar o ar quente do ambiente.

A granja de Miyakubo tem 135 mil cabeças atualmente, o que o coloca na categoria de “pequeno produtor”, para criatórios com até 200 mil aves. “Minha produção é de 9 mil dúzias por dia, o que equivale a 270 mil dúzias por mês”, explica. Para fins de comparação, um produtor médio tem até 500 mil aves, enquanto um grande tem mais de 500 mil. Em Bastos são, ao todo, 52 avicultores de postura, sendo 29 pequenos, 17 médios e seis grandes.

Ovos 4.0

Para aumentar a produtividade, as granjas têm investido em tecnologia 4.0 associada à avicultura. Por meio dela, a coleta de ovos é automatizada desde o interior do galpão até a chegada no depósito por onde passarão pela máquina de limpeza, classificação e padronização. O monitoramento do rebanho não necessita da presença humana a todo momento e pode ser feito à distância em tempo real. Esse conjunto de medidas proporciona melhores resultados na quantidade e na qualidade, bem como redução de custos. Aliás, esse é um dos grandes desafios para o produtor hoje: o preço das matérias-primas. Miyakubo fabrica a ração que dá aos animais e passou a usar enzimas e outros ingredientes que melhoram o aproveitamento dos nutrientes, reduzindo o “retorno” de esterco/dejetos e também melhorando a qualidade dos ovos. O controle da ração para as aves é automatizado por meio de abastecimento de silos, fornecendo a quantidade exata necessária para a alimentação adequada. A contagem é monitorada por sistema online.

Custos

Praticamente todos os insumos utilizados na alimentação das aves, principal item na composição dos custos totais da produção, têm os preços atrelados ao dólar. Mesmo matérias-primas que não têm esse vínculo com a moeda americana, mas que estão muito valorizadas, causam grande impacto nos custos. Milheto, farelo de soja, farinha de carne, calcários grosso e fino, sal, vitaminas, minerais, metionina, lisina, treonina, probióticos, adsorventes de micotoxinas, bicarbonato de sódio, trigo e enzimas são alguns desses insumos. Além, claro, do preço da energia elétrica e dos combustíveis, que é embutido em todos os custos da agropecuária por causa do transporte de insumos e produtos.

Produção nacional

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo anual de ovos per capita pelos brasileiros, nos últimos dez anos, subiu de 148 para 251 unidades. Considerando que a população também aumentou, isso dá noção da força e do crescimento da produção do setor.

A produção paulista é a maior em comparação a todos os estados. Apenas São Paulo é responsável por 25,6% de tudo que é produzido no País – ou seja, mais de um quarto de toda a produção nacional –, já na casa do bilhão, com 1.222.252.000 de dúzias de ovos. O segundo lugar é do estado do Paraná, com 9,4% da produção nacional (450.160.000 de dúzias) e Rio Grande do Sul ocupando a terceira colocação com 7,5% (358.292.000 de dúzias). Essas informações constam do relatório elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020. Em todo o País, somando todos os estados e mais o Distrito Federal, em 2020, foram produzidos mais de 4,7 bilhões de dúzias. Isso significa mais de 56 bilhões de ovos.

Dentre as cidades paulistas, a campeão absoluta é Bastos, com 285,5 milhões de dúzias – de acordo com os dados do IBGE de 2020. Em seguida vem Guararapes, com 68,29 milhões de dúzias. Em terceiro, quarto e quinto lugar, com quantidades próximas, as cidades de Queiroz, Tupã e Rinópolis, com pouco mais de 50 milhões de dúzias cada.

A diretora do Sindicato Rural de Bastos, Cristina Nagano, comemora a posição do município como maior produtor paulista e nacional, e ressalta a produção responsável das granjas. “As galinhas passam por rigoroso controle sanitário, vacinal, de manejo, e têm água e ração à disposição o dia inteiro, tendo acompanhamento de médicos veterinários e de nutricionistas para a formulação de rações que atendam à necessidade completa da ave e garantam assim a sua integridade, bem-estar e sua saúde”, afirma. Com base em dados do IBGE, Bastos e os municípios de seu entorno (granjas filiais) representam, juntos, 45,4% do que é produzido no estado de São Paulo e 11,5% de toda a produção nacional.

Os preços médios recebidos pela avicultura de postura paulista tiveram forte valorização de 2021 para 2022. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que o valor médio nominal da caixa com 30 dúzias subiu de R$ 99,98 (janeiro de 2021) para R$ 144,22 (março de 2022), uma variação positiva de mais de 40%. Em abril a cotação média foi a maior registrada desde o início da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) em 2013. Em Bastos, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos foi negociada a R$ 148,55.

Cláudio Silveira Brisolara, gerente do Departamento Econômico da da FAESP, avalia que esse forte aumento se deu porque todas as proteínas se valorizaram muito desde o início da pandemia de Covid-19. “O ovo acompanhou esse processo de alta porque é uma substituta da carne enquanto proteína animal”, destaca. Como o ovo tem baixo preço em comparação a outros alimentos, tornou-se uma alternativa aos produtos que ficaram mais caros.

Apesar da gigantesca produção nacional de ovos, a exportação se limita a apenas 0,31% do que é produzido (14,77 milhões de dúzias), segundo a ABPA (dados de 2020). Dessa quantidade, São Paulo representa 19,71% – pouco mais de 2,9 milhões de dúzias. Existe então um potencial enorme para que nosso país e nosso estado busquem conquistar novos mercados.

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