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Perspectivas para o mercado de Açúcar e Etanol

28 de outubro, 2022 - por FAESP

FAESP participou de Conferência da Datagro que debateu as principais oportunidades e desafios para o setor sucroenergético.

A 22ª Conferência Internacional sobre Açúcar e Etanol aconteceu em 24 e 25 de outubro, em São Paulo, realizada em formato híbrido (presencial e com transmissão online), reuniu autoridades, lideranças, pesquisadores, agentes e produtores para debater as principais oportunidades e desafios para o setor sucroenergético. Foram dois dias de exposições sobre temas importantes para o planejamento estratégico da cadeia sucroenergética, com destaque para os painéis que abordaram a alteração da Lei do RenovaBio e os créditos de descarbonização (Cbios), o potencial do bagaço da cana para a produção do etanol de segunda geração (2G) e o uso do hidrogênio verde, produzido a partir do etanol, como combustível em veículos híbridos, entre outros avanços tecnológicos em desenvolvimento, como o plantio da cana por sementes sintéticas, que abrem perspectivas favoráveis para o setor no médio e longo prazos.

A FAESP esteve representada no evento pelos membros de sua Comissão Técnica de Cana-de-Açúcar e Energia Renovável, Nelson Perez, que também coordena a Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA, e Milton Sarto, Presidente do Sindicato Rural de Charqueada, além do gerente do Departamento Técnico e Econômico da Entidade, Cláudio Brisolara, e da assessora técnica, Érica Monteiro de Barros.

“Avaliamos positivamente o evento que contou com a presença de especialistas de diferentes áreas e nos proporcionou uma oportunidade de atualização de informações e conhecimento. A safra brasileira de cana-de-açúcar 2022/23 no Centro-Sul, que começou com foco no etanol, a partir do meio da safra reverteu o mix para o açúcar devido aos preços mais atrativos do adoçante no mercado internacional. Ainda assim, por conta do tempo chuvoso, as usinas estão enfrentando dificuldades para maximizar a produção de açúcar neste momento, o que pode postergar a safra na região até março de 2023. São esperados a moagem de 542 milhões de toneladas de cana (+3,6%), uma produção de 33,25 milhões de toneladas de açúcar (+3,7%) e 24,67 bilhões de litros de etanol (+2,5%)”, pontuou Érica Barros.

Na avaliação de Cláudio Brisolara, ficou claro que a conta dos fornecedores não está fechando. Com o aumento dos custos, os fornecedores estão com margem negativa. Os custos de produção levantados no Projeto Campo Futuro, patrocinado pela CNA e apoiado pela FAESP na região de Jaboticabal, por exemplo, estão estimados em R$ 203,00 por tonelada o custo total, bem abaixo do preço praticado no mercado pelas usinas, em torno de R$ 164,00 a tonelada de cana.

Para Nelson Perez, o dilema do produtor é exatamente continuar a vender a cana abaixo do custo de produção na próxima safra ou migrar as áreas de cultivo para outras culturas mais rentáveis, como a soja.

“O risco disso acontecer e se agravar é muito grande porque atualmente o consecana não está remunerando adequadamente o produtor pela cana entregue as usinas. Além da metodologia não contemplar várias outras receitas que o setor está tendo, as receitas do etanol e açúcar por si só repassadas estão desatualizadas. Somado a isso, temos os custos elevadíssimos sobre o aspecto de valor de terra, maquinários, fertilizantes, óleo diesel, no curto prazo, e também a não obrigatoriedade ainda de repasse pelas usinas dos valores arrecadados com a venda de Cbios. Temos que reverter essa situação, reunindo todas as lideranças e entidades para discutir a questão. Já para as usinas, o cenário é mais favorável, pois nos próximos meses ainda vemos espaço para o fechamento de contratos de açúcar com bons preços. Para a safra do ano que vem, independente do que venha a acontecer com as políticas para o etanol no pós-eleições, as incertezas dos impostos federais sobre os combustíveis para 2023 e a expansão do etanol de milho devem continuar a pressionar o setor na direção de um mix açucareiro”, avaliou.

Sobre o mercado do etanol, para Milton Sarto, as palestras apresentaram uma visão de futuro bastante interessante pela expectativa positiva de maior competitividade que poderão agregar ao combustível.

“Chamou atenção os projetos das montadoras para o uso de motores híbridos movidos por hidrogênio, a partir do etanol, na frota de caminhões. A discussão de uma nova renegociação para o Cbios foi outro ponto bem recebido, mas que precisamos trabalhar fortemente junto as nossas lideranças políticas e parlamentares para sua plena efetivação e, principalmente, contemplar a participação dos produtores de cana nesse processo”, comentou.

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