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Mulheres no campo: protagonismo e proteção social

25 de novembro, 2021 - por FAESP/SENAR-SP

Protagonismo da mulher no campo

O protagonismo das mulheres rurais, além de sua importância nas famílias, reflete a diversidade da sua atuação e tem se destacado em diferentes etapas do processo produtivo de alimentos e de outras atividades relacionadas à geração de renda e desenvolvimento socioeconômico no campo.

Dados mostram que grande número de mulheres reside no campo e/ou desenvolvem nele sua atividade econômica, aumenta o número de empreendimentos rurais dirigidos por mulheres e o percentual de mulheres rurais empreendedoras, muitos alimentos são produzidos por elas, principalmente os alimentos para autoconsumo.
Uma pesquisa realizada pela ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, intitulada “Mulheres do Agronegócio”, informa que as mulheres são as profissionais que mais buscam conhecimento e aperfeiçoamento.

Violência contra a mulher

Em 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, o mundo se volta para as vítimas de diversos tipos de agressão, física ou psicológica, no ambiente doméstico, profissional ou social. Não existe apenas um tipo de violência contra a mulher. O crime é definido como qualquer ato ou conduta baseado no gênero – isto é, na condição feminina da vítima – que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual, psicológico, moral, patrimonial ou institucional, tanto na esfera privada quanto na pública. Discriminação e preconceito também podem ser caracterizados como tipos de violência. No Brasil, a Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, é o principal instrumento jurídico de combate à violência contra a mulher.

O enfrentamento desse tipo de violência é urgente e delicado. No meio rural, o desafio apresenta particularidades. “No campo a situação se agrava, pois muitas vezes o local de moradia é o mesmo onde se gera a renda, ou seja, a propriedade rural. Em casos de separação matrimonial há dificuldades, pois, além de comprometer a moradia e a estrutura familiar, compromete-se também a fonte geradora de renda, o negócio rural. Este é um dos fatores que interferem na decisão da mulher em romper relacionamentos abusivos no campo”, avalia Claudete Morandi Romano, chefe da Divisão de Promoção Social do SENAR/SP.

Laços sociais contra um problema silencioso

Existem muitos fatores que contribuem para a falta de visibilidade do problema no campo. Em razão da distância entre as propriedades rurais, muitas vezes não há vizinhos que escutem a vítima pedir socorro. Além disso, o ritmo do trabalho no campo pode não dar margem para o convívio social próximo. “É o grito que ninguém escuta”, sintetiza Romano.

A solução para o problema da violência contra a mulher passa pelo fortalecimento dos vínculos comunitários. “Mais e mais mulheres devem procurar se associar em grupos para que possam se conhecer, e conhecer as rotinas umas das outras. Assim, podem perceber os sinais da violência, e a pessoa vitimizada consegue receber o acolhimento correto. Também reunidas, as mulheres podem lutar pelos seus direitos e proteção, trocar informações, receber a atenção necessária e saber que podem contar com apoio e orientações se necessário. Podem mobilizar as comunidades e organizações para, em conjunto, enfrentar a problemática”, acrescenta.

O empoderamento econômico é outro importante aliado nessa luta. “A mulher deve se capacitar profissionalmente, buscar seu lugar no mercado de trabalho e autonomia para não depender financeiramente do parceiro, podendo desfrutar de relacionamentos saudáveis e livres”, orienta Romano.

A punição dos agressores, além de justiça social, deve ser amplamente divulgado e ter o caráter educativo. Porém, não só a punição é eficaz para este assunto, mas um trabalho constante de mudança de valores e de hábitos que construam ambientes sadios, éticos e que valorizem o respeito mútuo.

Ações de protagonismo e de proteção social das mulheres deve fazer parte das políticas públicas e privadas e contemplar eixos estratégicos como:

  • Educação,
  • Capacitação profissional,
  • Autonomia econômica,
  • Saúde,
  • Habitação,
  • Enfrentamento à violência contando com o aparato do Estado e da sociedade civil,
  • Trabalhos educativos e preventivos à sociedade em geral.

Sindicatos Rurais na luta contra a violência – “Os Sindicatos Rurais têm a possibilidade de liderar ações de combate e enfrentamento da violência contra a mulher do campo, pela facilidade de estabelecer parcerias municipais e regionais e pelos vínculos com as forças do município”, afirma Romano.

Por isso, o SENAR/SP elaborou uma lista de ações que podem ser colocadas em prática pelos Sindicatos Rurais para fortalecer as comunidades e combater a violência contra a mulher. Confira!

  • Criar uma rede de convívio social, de proteção e de discussão sobre a discriminação e violência contra a mulher envolvendo sociedade civil, poder público e organizações privadas,
  • Oferecer capacitação técnica e social às mulheres do campo,
  • Criar parcerias para o acolhimento, tratamento, encaminhamento, denúncia e atendimentos diferenciados devido às particularidades para a proteção da mulher,
  • Desenvolver ações educativas e preventivas sobre o tema,
  • Propor políticas públicas para a garantia dos direitos da mulher, em especial, à do campo devido às particularidades,
  • Criar canais de produção e de geração de renda às mulheres que propiciem, dentre outras coisas, a autonomia financeira e o desenvolvimento socioeconômico das famílias do campo,
  • Incentivar a união de mulheres do campo em associações, cooperativas, Sindicato Rural e outras formas de organização comunitária,
  • Orientar as mulheres vitimizadas a efetivar as denúncias dos agressores e das situações de violência a que são submetidas.

Prevenção, combate e enfrentamento à violência contra as mulheres, sejam elas do campo ou da cidade, deve ser uma bandeira a ser levantada não apenas pelas pessoas vitimizadas, mas por toda a sociedade numa ação conjunta e eficaz.

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