Flores em São Paulo: mercado floricultor e cursos em alta
Produção intensiva, pequenas propriedades e muita beleza; saiba mais sobre o setor que movimentou R$ 10 bilhões no Brasil em 2021
Elas fazem sucesso especial em datas comemorativas, como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, mas sua beleza chama a atenção o ano inteiro. Presentes em lojas especializadas, feiras e supermercados, as flores são cultivadas em diversas localidades do Estado de São Paulo, entre a região metropolitana e o interior. Trata-se de uma cultura delicada e cheia de particularidades, conforme conta Gildo Saito, coordenador da Comissão de Hortaliças, Flores e Orgânicos da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP). “São culturas que necessitam de investimento alto para a produção e de capital de giro alto para a compra de insumos e materiais de venda”, afirma.
A produção está concentrada em polos regionais localizados a não mais de 140 quilômetros da capital. “Em ordem de volume de produção, os principais produtores são os municípios de Holambra e Atibaia, além daqueles que integram o Alto Tietê: Mogi das Cruzes, Guararema, Biritiba Mirim, Salesópolis e Arujá. Em seguida, temos Ibiúna e algumas cidades do Vale do Paraíba”, enumera o coordenador. Por exigir manejo artesanal, as flores e plantas vêm de propriedades de pequeno e médio porte, entre dois e 20 hectares, com predomínio das unidades familiares, onde há mão de obra intensiva.
Produção paulista e mercado
Dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) mostram que o Estado de São Paulo está na liderança do setor, tanto na comercialização quanto no plantio. Das 680 empresas atacadistas de flores existentes no País 480 são paulistas. Além disso, 25 das 60 centrais de atacado existentes em solo nacional ficam no Estado. Exposições do setor, como a ExploFlora e a Garden Fair, que acontecem anualmente em Holambra, ajudam a dimensionar o papel de São Paulo no segmento: segundo a Ibraflor, das 35 feiras e exposições existentes no Brasil, 15 acontecem no Estado.
A produção é dividida entre plantas ornamentais, flores de corte e flores de vaso. Entre 2020 e 2021 a pandemia causou reviravoltas no setor. No primeiro momento, o cancelamento de eventos como casamentos, festas de debutantes e formaturas fez a demanda por flores cair de maneira considerável, trazendo incertezas a produtores e comerciantes. O recomeço veio com o varejo e o uso doméstico, já que o isolamento social fez muitas pessoas embelezarem suas casas com flores e usarem a jardinagem como hobby. Como resultado, o faturamento do setor, em escala nacional, subiu 15% em 2021, comparado com o ano anterior. Foi o maior crescimento percentual desde 2012, somando R$ 10 bilhões entre produção e venda em atacado e varejo.
Cultivo e cursos do SENAR-SP
As flores exigem perfeição. Manchas, cortes e furos nas pétalas podem inviabilizar a venda, exigindo dos produtores um manejo rigoroso no solo. As espécies precisam de proteção contra chuvas intensas, geadas e sol forte. Outras vezes, os inimigos são os insetos – algo natural, já que a seleção natural fez com que as plantas mais eficientes em se reproduzir fossem as mais vistosas e de odor mais pronunciado.
O SENAR-SP oferece cursos que atendem as necessidades de floricultores, tanto de conteúdo geral quanto específico. Segundo Saito, as principais formações generalistas para o segmento englobam cursos de aplicação de defensivos, manutenção de tratores e gestão financeira.
Entre os cursos específicos, destaca-se o de cultivo de orquídeas, com carga horária de 16 horas. Destinada a iniciantes, a formação engloba os principais tópicos para quem deseja cultivar esta espécie. O instrutor Januário da Cunha Mello Neto, de Jundiaí, compartilha em seu Instagram as vivências junto às turmas. “Comecei com orquídeas em 1979, em um estágio no Jardim Botânico, em São Paulo. Tenho uma chácara com um pequeno orquidário. Com isso selecionamos aquelas com as quais temos mais afinidade”, comentou durante um de seus cursos, realizado em 2021.
Produção e as mais vendidas
O método “boca a boca” e as redes sociais ajudam a formar tendências no consumo de flores e plantas ornamentais. Não por acaso, a cada estação surgem as “queridinhas” do consumo, como a begônia maculata e a costela de Adão. E existem, também, os clássicos. De acordo com o Ibraflor, as campeãs de procura entre as plantas ornamentais são suculentas, cactos, samambaia, zamioculcas e ficus. No setor de plantas de vasos, as mais queridas são orquídeas, antúrios, azaleias, violetas, crisântemos e roseiras. Já as flores cortadas, utilizadas para buquês e arranjos, costumam trazer rosas, astromélias, lírios, crisântemos, gipsófilas, cravo spray e boca-de-leão.
Embora muitas pessoas associem o cultivo de flores a estufas, elas caracterizam apenas uma parte dessa cultura. Estima-se que dos 15.600 hectares ocupados pelo segmento em todo o Brasil, 13.708 sejam de cultivo ao ar livre. Outros 1.342 são criados em estufas e 530 em sombrite. A escolha do tipo de cultivo leva em conta o clima local, a espécie a ser cultivada e seu ciclo de vida.
Qualquer que seja o tipo de cultivo, uma coisa não muda: os investimentos e o cuidado intensivo. “São culturas que necessitam de investimento alto para produção como terraplenagens, estufas, sistemas de sombreamento, aquecimento, resfriamento e bancadas. O capital de giro, também alto, vai para a compra de insumos como substratos, vasos, mudas, adubos, embalagens e caixas de papelão”, define Saito.
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