Faesp discute mercado, safra e padrões de qualidade do café torrado
Comissão Técnica estuda a viabilidade de disponibilização de curso sobre as normas da torra aos produtores de café
Na reunião da Comissão Técnica de Cafeicultura, realizada na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), na última quarta-feira, (15), foram discutidos diversos pontos de interesse para o setor, como o aquecimento do mercado diante dos baixos estoques globais e os desafios de produção para a próxima safra, com a chegada do fenômeno climático La Niña. A reunião também contou com uma apresentação detalhada sobre a Portaria 570/2022, que estabelece os padrões de qualidade para o café torrado.
O encontro foi aberto pelo presidente da Comissão do Café da Faesp, Guilherme Vicentini, que apontou que os baixos estoques globais do café puxaram a análise de mercado, impactando nas exportações brasileiras. De acordo com a apresentação da assessora técnica do Departamento econômico da Faesp, Marina Marangon, os estoques globais de café atingiram os menores níveis dos últimos 12 anos, afetando os preços, tanto no mercado spot interno quanto no mercado futuro.
O aumento da exportação do café robusta, em 490%, entre julho de 2023 a abril de 2024, chamou a atenção dos produtores da variedade, até então voltados apenas ao comércio interno. A variedade conilon também se apresentou como alternativa viável para cobrir os estoques e o café diferenciado, ou sustentável, que vem se estabelecendo como tendência, com crescimento das exportações em 49% nos primeiros quatro meses em comparação com o ano passado.
Camila Arcanjo, consultora na área de qualidade e certificação da ABIC, fez uma apresentação minuciosa sobre a implementação e os requisitos da Portaria 570/2022, que estabelece os padrões de qualidade para o café torrado. Ela destacou os procedimentos de classificação oficial pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a necessidade de adequação por parte dos produtores e indústrias do setor: “Todas as empresas envolvidas na comercialização, industrialização ou embalagem de café torrado devem estar registradas no MAPA e seguir as diretrizes estabelecidas pela portaria”.
O padrão envolve grau de pureza, percentuais permitidos de umidade, presença de metais pesados, certificação de classificação, granulometria, entre outros. Diante das informações, os sindicatos rurais representados manifestaram interesse em cursos do Senar-SP sobre as boas práticas em torrefação, dentro das normas estabelecidas pela portaria.
Em relação aos desafios da próxima safra, a preocupação se concentrou na transição do fenômeno El Niño para o La Niña, que pode ter impactos significativos, como risco de geadas e estresse hídrico.
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