Programa de Turismo Rural: como empreender nesse segmento cada vez mais lucrativo

Voltado aos proprietários, familiares e trabalhadores de sítios e fazendas, curso do SENAR-SP fornece ferramentas para identificar a atividade turística ideal em suas terras e como implantá-la

O turismo rural vem se mostrando cada vez mais como uma atividade econômica importante para a cidades do interior paulista. Após uma queda durante os tempos de pandemia, o setor voltou aquecer e se revela uma ótima alternativa para os proprietários rurais interessados em ampliar o uso das terras, além da produção agropecuária. Investir nessa área traz benefícios para todos e não só para os produtores. A atividade turística promove o desenvolvimento econômico, social e ambiental, melhorando as condições de vida da comunidade como um todo. Para subsidiar os interessados com informações, o SENAR-SP oferece o “Programa Turismo Rural”, que oferece capacitação e mostra como identificar os caminhos para fazer essa atividade se tornar viável e lucrativa.

O Programa é dividido em dez módulos – um por mês, com duração média de três dias cada – que englobam o conhecimento necessário para avaliar o potencial de uma propriedade rural a fim de torná-la uma atração turística que gere trabalho e renda. É um programa longo, que, neste ano, vai de março a dezembro (totalizando 240 horas/aula), sendo necessário acompanhar todos os módulos para receber o certificado e adquirir as competências necessárias para colocar o projeto em prática. No início de março houve um encontro de Sensibilização do Programa organizado pelos sindicatos rurais dos municípios de Lucélia e de Fernandópolis, visando despertar o interesse no proprietário rural para que ele perceba que é possível utilizar sua propriedade também como uma atração turística.

A coordenadora do Sindicato Rural de Lucélia, Naiara Cristina de Freitas, explica sobre o potencial naquela região: “Por mais que nosso município seja pequeno, vemos que é possível explorar o turismo e o lazer. Muitas pessoas que moram em ambiente urbano não conhecem uma propriedade rural e têm vontade de conhecer, para ter contato com a natureza, ou com animais, ou experimentar outras atrações. Colocar as pessoas que vivem na cidade em contato com o campo beneficia o produtor rural com mais uma atividade econômica”, diz ela. “O meio rural é fator motivador para as pessoas romperem com a rotina da cidade, que as afasta do contato com a natureza, por isso uma viagem para conhecer o campo é cada vez mais atrativa para esse turista”, acrescenta.

Durante a realização do Programa são feitas aulas práticas em algumas propriedades dos próprios participantes para verificar o potencial que existe nesses locais. “Pode ser que uma fazenda cultive café, outra talvez tenha uma culinária diferente proveniente do que é cultivado. Pode ser o artesanato, pode ser até mesmo um rio, ou uma trilha existente no local”, destaca Naiara, a respeito das características particulares de cada lugar, seu potencial turístico, e também a vocação de cada empreendedor. Assim que esses potenciais são identificados, é elaborado um projeto para ser desenvolvido ao longo dos módulos.

Para participar do programa é necessário ser proprietário rural ou trabalhador rural, mas mesmo seus parentes podem se inscrever, já que é muito comum essa atividade envolver toda a família. É o que observa Nelsi Coelho Araújo Calazans, turismóloga e instrutora do Senar há mais de 15 anos. Ela está aplicando o Programa pelo Sindicato Rural de Fernandópolis. “Geralmente no turismo rural quem trabalha é a família, que tem de se envolver com o negócio. Dependendo da dimensão, como uma pousada ou um restaurante de maior porte, é necessário ter bem mais gente, funcionários capacitados”, afirma. A instrutora dá exemplos de ações de menor porte, como um café, passeios de ecoturismo ou equoterapia, uma lanchonete ou ponto de venda de produtos regionais. “O importante é ter disposição para receber os visitantes e preparar uma boa condição, uma estrutura suficiente para atendê-los. Isso agrega valor sem desviar os proprietários de suas tarefas como produtor rural. Já tive experiências de pessoas que terminaram o curso já com sua propriedade preparada para iniciar na atividade. É ao longo do Programa que vai se adquirindo a capacitação, na prática”, conclui a instrutora.

Um exemplo bem prático e fácil de implantar é a coleta de frutas, mais conhecido como Colha e Pague. Muitos dos visitantes nunca tiveram essa experiência e o produtor pode proporcionar essa experiência com base no que já existe em sua propriedade, sem a necessidade de um alto investimento. Várias outras atividades que fazem parte do cotidiano das propriedades rurais podem ser transformadas em atrativos, tais como:

• Observação do processo produtivo (ordenha, produção de hortaliças, criação de animais etc.);
• Conhecer tipos de culturas: identificar um cafezal, um canavial, um milharal etc.;
• Apreciar a natureza associando com a preservação do meio ambiente;
• Valorizar o meio rural: (ouvir contadores de histórias e causos, prosa e viola, apreciar a paisagem etc.);
• Hospedagens em meio rural (hotéis-fazenda, pousadas, campings etc.);
• Café colonial e refeições típicas com produtos frescos;
• Sessões de degustação com produtos feitos na propriedade e arredores;
• Oficinas de fabricação artesanal de queijos, geleias etc.;
• Colheita de frutas e outros alimentos;
• Visitas às hortas, pomares e vinhedos;
• Picnic no campo com produtos da região;
• Passeios a cavalo, carroça etc.;
• Alimentação e cuidados com animais;
• Ordenha e outras atividades pecuárias;
• Trilhas e caminhadas pela natureza;
• Rafting, arvorismo e outros práticas de esporte de aventura;
• Museu com itens históricos da propriedade e região;
• Atividades pedagógicas para grupos escolares etc.;
• Pescaria;
• Oficinas profissionais sobre técnicas agrícolas (agrofloresta, permacultura, cultivo orgânico etc.);
• Almoços com o conceito “Da colheita à mesa” (em inglês Farm-to-table);
• Eventos Gastronômicos no campo;
• Festivais de Artes e Culturais etc.

Assim, a criatividade e o empenho do empreendedor é que vão dar o tom do tipo de atração a ser oferecido ao visitante, pois no final o importante é proporcionar novas experiências e sensações. Para que esses potenciais se tornem realidade, é muito importante que todos os envolvidos entendam que o turismo rural depende da preservação de “raízes” regionais e da cultura local: os costumes, a autenticidade, a harmonia, a identidade e o envolvimento familiar são importantes para alcançar resultados. Além disso, para atingir o sucesso ao tornar uma propriedade rural em um ponto turístico, é necessário muito planejamento e um investimento inteligente. A fim de auxiliar neste ponto, o Programa do SENAR-SP tem o módulo “Gestão de Empreendimentos” que explica como desenvolver o plano de negócios, com análise financeira, e alternativas para se buscar financiamento. 

Clique aqui para conhecer esse e outros cursos que o SENAR-SP oferece.

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