Produção de grãos cresce, mas rentabilidade do produtor diminui
Recorde da safra de milho e soja não garante boa rentabilidade aos agricultores
A produção de milho e soja do Brasil bate recorde na safra deste ano, mas, por conta de vários fatores, entre eles a queda da cotação do dólar, a rentabilidade dos produtores é menor do que em anos anteriores. Estudos feitos pelo Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) mostram um avanço de 23,1% (soja) e 14,9% (milho) na produção total do país, porém os preços pagos ao produtor registram queda de 18,3% e 36,2%, respectivamente, de janeiro a julho deste ano.
A expectativa de produção em solo paulista segue o viés de alta, mas em escala menor: 17,6% para a soja e 5,3% para o milho. A produção total de grãos tem expectativa de crescimento de 17,4% no país, com o aumento da área de plantio de 5%. Já em São Paulo, o crescimento é de 13,1% com aumento da área plantada de 2,9%. Assim, a produtividade paulista registra crescimento de 9,9%, enquanto a média nacional é de 11,8%.
Os estudos foram apresentados aos dirigentes das comissões de Grãos e de Política Agrícola da Federação, em reunião realizada em 11 de agosto, em São Paulo.
Para a safra de 2022/23, a previsão da FAO para a produção global de milho é de 1,15 bilhão de toneladas, enquanto o prognóstico para a safra nacional é de 132 milhões de toneladas. Sobre exportação do Brasil, a cifra é de 55 milhões de toneladas em 2022/23, 7 milhões de toneladas a mais que no ano passado.
Já a produção de soja global da safra 2022/23 é da ordem de 369,5 milhões de toneladas. O Brasil lidera a exportação mundial, com projeção de 97 milhões de toneladas em 2023/24. Se confirmada a projeção, haverá um crescimento de 18 milhões de toneladas em comparação com a exportação de 2021/22, que foi de 79 milhões de toneladas.
A exportação de grãos do Brasil, no acumulado de janeiro a julho de 2023, foi de U$ 44,67 bilhões, sendo que, no mesmo período do ano passado, foi de US$ 41,13 bilhões. Em 2023, a soja foi responsável por US$ 38,1 bilhões do total de exportação de grãos e o milho, por US$ 4,4 bilhões.
Embora a produção seja crescente, o ambiente do mercado internacional e a queda do dólar tornam a rentabilidade do produtor brasileiro menor. No ano passado, o preço médio da saca de 60 kg foi de R$ 88,2 para o milho e de R$ 188,9 para a soja posta no porto de Paranaguá. Neste ano, a média dos preços entre janeiro e julho está em R$ 71,2 para o milho e R$ 154,0 para a soja.
Sobre a queda de preços, o gerente do Departamento Econômico, Cláudio Brisolara, destaca que não só a baixa do dólar, mas também a turbulência do conflito Rússia-Ucrânia, o clima no hemisfério norte, a super safra brasileira e a desaceleração da economia mundial, têm contribuído para pressionar os preços das commodities.
“É verdade que os preços dos fertilizantes, defensivos e outros insumos também reduziram, mas a gente tem hoje uma outra situação, numa perspectiva de menor rentabilidade para o produtor na próxima safra”, afirmou Brisolara, apontando que os preços do milho e da soja caíram 36,2% e 18,3%, respectivamente, de janeiro a julho deste ano. “Os preços sobem de escada, mas descem de elevador”, comparou ele.
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