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Por uma política de médio e longo prazos para o agro

14 de abril, 2024 - por FAESP

Por Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)

Os desafios da agropecuária brasileira são dinâmicos e crescentes, uma vez que o setor é orgânico, composto por plantas, animais e movida por pessoas, que incorporam e refletem as demandas e anseios da sociedade moderna, sempre em evolução.

Assim, a modernização da agropecuária é um processo contínuo que impele o setor a implementar sistematicamente novos conceitos, sistemas, práticas e tecnologias, visando a redução de desperdícios, a conciliação entre produção e conservação ambiental, racionalização do uso de recursos escassos, aumento da produtividade e qualidade dos produtos, dentre outros objetivos.

E esse processo de modernização setorial se dá em um ambiente de muita incerteza. No cenário internacional, temos guerras, conflitos étnicos e religiosos, enfraquecimento das instituições multilaterais e busca por nova reconfiguração geopolítica. No cenário doméstico, temos uma fragilidade institucional, um ambiente macroeconômico desafiador e problemas sociais que continuam se agravando. Vale lembrar que, nos Estados Unidos, o plano agrícola é votado no Congresso, com previsão de cinco anos, com todas as metas e programas. Aqui, vivemos ano a ano as expectativas e incertezas relativas ao Plano Safra.

O agronegócio não é inerte a esses cenários, não está alheio ao que ocorre no seu entorno. Ao contrário, seu potencial de desenvolvimento é condicionado por esses fenômenos e todos nós que integramos os setores público e privado precisamos compreender isso.

É importante garantir a segurança jurídica para que o produtor rural continue a ser o grande motor da economia nacional. Da mesma forma, é essencial que as políticas voltadas ao setor agropecuário sejam mais que simples assinatura em documentos. Os recursos prometidos precisam chegar de forma urgente àqueles que vivem do campo.

As ações e as políticas têm um custo e precisamos abandonar o casuísmo e o populismo de curto prazo para privilegiar o desenvolvimento harmônico de longo prazo. Precisamos de menos movimentos conjunturais reativos e mais políticas estratégicas de Estado. Faz-se necessário a construção de um plano que seja muito mais que ações pontuais, mas uma política de estado, em prol do agronegócio, que é um dos principais elementos do superávit da balança comercial brasileira. Muitos dos desafios que temos, a exemplo da infraestrutura de logística, transporte e armazenagem, sustentabilidade, dependem de projetos e investimentos que maturam com oito anos.

Do mesmo modo, ganhos futuros de eficiência e produtividade no campo dependem de investimentos em pesquisa e inovação hoje. Sem planejamento, orçamento e incentivos sistemáticos à pesquisa, comprometeremos os resultados futuros do setor.

A agropecuária brasileira precisa de políticas e ações que fortaleçam as seguintes áreas:

  • infraestrutura e logística, com destaque para transporte e armazenamento;
  • pesquisa, tecnologia e inovação;
  • defesa agropecuária;
  • conectividade no campo;
  • instrumentos financeiros e de gestão de riscos (crédito e seguro);
  • acesso a mercados;
  • segurança no campo;
  • sustentabilidade, com equilíbrio entre produção e preservação;
  • diversificação e integração da produção, além de agregação de valor; e
  • melhoria do ambiente de negócios (menos burocrático, com um estado mais leve e que privilegie à iniciativa privada, com legislação trabalhista, tributária e ambiental mais simples e objetivas).

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) trabalha em prol desses ideais, na certeza de que todos os esforços nessa direção favorecem os produtores, a agropecuária e o agronegócio. Continuaremos sempre colaborando com os poderes constituídos, buscando políticas mais eficazes e assertivas, capazes de criar um melhor ambiente de negócios para as empresas rurais e todo o ecossistema que compõem o agronegócio paulista e brasileiro.

Contudo, as grandes construções são coletivas, juntos somos mais fortes. Para tanto, devemos promover a união e harmonia dos produtores e do nosso sistema de representação setorial. E precisamos fazer isso porque os produtores e trabalhadores rurais que compõem à agropecuária são base, o alicerce de tudo que move o nosso vigoroso agronegócio. É urgente que haja uma união de esforços em prol do futuro. Pensar um Plano Nacional do Agronegócio, com metas e expectativas, pode ser um caminho importante na valorização do homem do campo e na construção dessa política de médio e longo prazo que tanto nos faz falta.

Vamos fazer a nossa parte, vamos implementar projetos por meio de nossas entidades para fortalecer e contribuir com essas áreas chave para o desenvolvimento sustentável da nossa agropecuária. Com certeza, com espírito público, união, parcerias e muito trabalho elevaremos o padrão de desenvolvimento do agronegócio e, assim, continuaremos impulsionando o nosso Brasil.

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