O significado estratégico do agronegócio brasileiro
Fábio de Salles Meirelles*
O agronegócio foi decisivo, como deverá ocorrer também este ano, para que o Brasil tivesse superávit de U$ 50,9 bilhões em 2020. Nas exportações, comparando ao ano anterior, a agropecuária teve expansão de 6%, ante quedas de 2,7% na indústria extrativa e 11,3% da manufatura. No grave cenário da Covid-19, o setor vem mantendo nível razoável de crescimento, contribuindo para amenizar os impactos negativos e para que os brasileiros não fiquem sem alimentos, não faltem insumos industriais e biocombustíveis.
Produtores rurais e trabalhadores do campo reiteram, a cada dia, sua capacidade e resiliência. Mesmo diante da adversidade extraordinária da crise hídrica, que se soma à pandemia, o 11º Levantamento da Safra 2020/2021 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica a expressiva produção de 254 milhões de toneladas de grãos, volume apenas 1,2% inferior ao da temporada 2019/2020. Ademais, mantém-se a expectativa de produção recorde de soja, com 136 milhões de toneladas, um incremento de 8,9%.
Cumpre ressalvar que as adversidades deste ano, como a seca, as geadas e a pandemia, evidenciam a importância do seguro rural, cujo fortalecimento sempre é defendido com muita força pela FAESP ao longo de sua História.
Cabe enfatizar, também, os ganhos de produtividade, resultantes, dentre outros fatores, do aporte tecnológico. Nos últimos 40 anos, a área plantada aumentou 33%, mas a produção agrícola nacional registrou crescimento de 386%. Isso significa que o País produziu muito mais, ampliando em proporção bem menor as terras ocupadas pelas culturas. Para a safra atual, a produtividade média estimada é de 3.989 quilos por hectare, com incremento de 2,3% em relação à 2019/20.
O agronegócio também é sustentável: 61% da cobertura vegetal nativa do Brasil estão preservados, sendo que 11% do total estão dentro das 5,07 milhões de propriedades rurais do País. Na nossa matriz energética, 42,9%, contra 13,8% na média mundial, provêm de fontes renováveis, sendo 17% referentes ao setor sucroenergético.
O setor deverá seguir crescendo, pois o Brasil é um grande provedor de alimentos, commodities agrícolas e biocombustíveis limpos e renováveis. Ou seja, tudo o que o nosso país e o mundo precisam neste momento para a retomada econômica sustentável.
*Fábio de Salles Meirelles – Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP)
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