FAESP discute bem-estar animal e boas práticas de produção
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) realizou, na manhã da última quinta-feira, 9/12, reunião extraordinária dos coordenadores das Comissões de Produção Animal com o objetivo de discutir a importância da construção de uma agenda positiva de avaliação e fomento da adoção das boas práticas para o bem-estar animal.
Esse tópico ganhou visibilidade nos meios de comunicação, nas últimas semanas, após a repercussão do caso que ficou conhecido como “as Búfalas de Brotas” – sobre a negligência do dono de uma fazenda de búfalas na cidade mencionada. A FAESP já havia se manifestado na ocasião, enfatizando que as práticas verificadas jamais podem ser imaginadas e associadas aos estabelecimentos pecuários do Estado de São Paulo, e que o compromisso dos produtores paulistas é exercer a atividade pecuária com a estrita observância da legalidade, buscando fomentar avanços permanentes na produtividade, qualidade, sanidade e bem-estar animal. A Federação tem a convicção de que esse caso de Brotas não representa o sistema produtivo agropecuário e que o proprietário dos animais deve ser punido de acordo com a lei.
A reunião
Na mensagem de abertura, os coordenadores das comissões destacaram que a adoção das boas práticas de produção com foco no bem-estar dos animais faz parte do dia a dia dos produtores, primeiramente pelas razões humanas e, em segundo lugar, pelo fato de estar mais do que comprovado que o bem-estar tem papel fundamental na qualidade e no volume de produção.
“Daí a importância de se ter uma discussão abrangente que contemple os aspectos técnicos de situação de bem-estar animal em propriedades de criadores e eventos de concentração, e que esses atos sejam adequados à realidade dos sistemas produtivos, de forma sempre objetiva”, argumentou Thiago Rocha, da Divisão das Comissões Técnicas da FAESP. Segundo ele, é fundamental que o setor produtivo dê sua contribuição para esse debate.
“A atividade produtiva tem características próprias, inerentes à produção, especialmente aquelas mantidas em regime intensivo, que podem ser mal interpretadas diante de atos técnicos subjetivos, o que pode criar situações em que o produtor seja penalizado incorretamente”, disse Thiago. A partir das contribuições dos coordenadores presentes na reunião, a FAESP vai redigir um documento à Secretaria da Agricultura oferecendo sugestões para se aprofundar no tema.
Erica Barros, do Departamento Econômico da FAESP, mencionou que os debates já ocorrem em nível nacional coordenados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e que a sincronização da discussão, para definição de critérios e procedimentos em âmbito estadual, é um importante ponto de partida. “A proposta da FAESP para esse debate deve atender às expectativas da sociedade civil, mas de modo a não haver o risco de estabelecer parâmetros que se chocam com a realidade e com as práticas usuais das atividades pecuárias”, destacou a técnica, sintetizando as preocupações dos coordenadores das comissões.
O consenso, durante a reunião, entre os coordenadores das comissões foi de propor uma discussão mais ampla com o poder público, pois há que se analisar em detalhe os seus potenciais reflexos para chegar a uma proposta que seja compatível com as melhores práticas e técnicas agropecuárias, sempre com base no conhecimento técnico e científico atual.
É o que reforça Cyro Ferreira Penna Jr., Coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura. Segundo ele, os primeiros a darem valor ao correto tratamento dos animais são os próprios produtores. “O bem-estar na produção animal é favorável ao produtor rural, traz lucros e agrega valor, beneficiando também o consumidor final”, destacou Cyro, que ainda frisou: “Um texto final que aborde recomendações, incluindo a avaliação e fiscalização do bem-estar na produção animal precisa observar a realidade do produtor de modo que não inviabilize a produção animal no Estado de São Paulo, porque senão quem perde é o consumidor”.
Na conclusão do encontro foi decidido que a FAESP irá propor a continuidade do debate. “A Federação deve participar desse processo como protagonista e defensora das boas práticas que promovem o bem-estar na produção animal”, declarou.
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