Curso de avicultura básica do SENAR-SP atrai quem está interessado na geração de renda
Aulas abordam a importância da alimentação, os cuidados com o galinheiro e a saúde dos animais
O casal Alexandre e Michele Shishito decidiram percorrer o caminho que várias famílias estão trilhando, principalmente depois da pandemia, quando muitas pessoas redefiniram suas prioridades: o êxodo urbano. Em busca de melhor qualidade de vida para eles e as filhas pequenas, Sofia e Manuela, mudaram-se de Belo Horizonte (MG) para Pindamonhangaba (SP), cidade natal de ambos, com o propósito de empreender na agricultura. Compraram uma propriedade no início deste ano e estão reformando as instalações para iniciar a criação de galinhas, voltadas à produção de ovos orgânicos. “Nós vimos esta oportunidade de mercado e acreditamos na qualidade do produto”, declara Michele.
Ela foi uma das 15 alunas no curso “Avicultura básica”, realizado em outubro no município, fruto de uma parceria entre o Sindicato Rural de Pindamonhangaba e o SENAR-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). “Eu já havia feito alguns módulos on-line sobre o assunto, mas este presencial foi muito mais rico e completo. De janeiro para cá, participei de vários cursos do SENAR e todos me acrescentaram muito; o conteúdo e os instrutores são muito bons”, cita Michele.
“O nome é ‘avicultura básica’, mas o conjunto de tópicos abordados torna o curso bem completo”, define a instrutora Daniela Sartori, bióloga e mestre em Zootecnia. Na parte inicial, as aulas abordam: escolha do local, localização do terreno, acesso ao local, infraestrutura e cercamento. Mais adiante, a instrutora detalha também os cuidados na construção do galpão, envolvendo o tipo, dimensionamento e planejamento da produção.
Quanto aos equipamentos, são ministradas instruções sobre comedouros, bebedouros, espaçamento, camas, ninhos, poleiros fontes de aquecimento e sistema de ventilação. “Em se tratando de ambiência, a temperatura, a umidade e a ventilação são três fatores fundamentais para a criação dos animais”, define Daniela. De acordo com ela, os principais interessados nas aulas são pequenos agricultores, que buscam para o autoconsumo e para gerar renda extra, mas os conceitos incluem até a montagem de granjas comerciais.
Saúde e conforto das aves é fundamental
Alocar os equipamentos de forma adequada é importante tanto para o conforto do animal, como para evitar desperdícios. O bebedouro, por exemplo, deve ficar na sombra, pois a ave consegue detectar diferença de temperatura de até 3 graus celsius na água, segundo a instrutora. “Eu brinco que galinha não bebe chá, nem toma sopa. Se a água estiver morna, ela não vai beber. E a falta de água pode trazer prejuízos à criação”. Outro tema abordado é a alimentação das aves. A produção do alimento deve ser a preocupação inicial de quem pretende criá-las.
São explicadas também as diferenças entre as aves, destacando as peculiaridades de cada espécie. Daniela cita que uma galinha caipira bota em torno de 60 a 80 ovos por ano, ante 300 ovos da poedeira. “A galinha caipira é mais rústica e menos exigente; já a poedeira é mais delicada e exige uma alimentação muito mais rica, por exemplo, em cálcio, pois precisa desse componente para gerar a casca dos ovos”.
Quanto à saúde animal, a abordagem enfoca a higiene e a desinfecção do galpão, medidas profiláticas, como controle de roedores e moscas, detecção e tratamento das principais doenças e a importância da vacinação, com especial atenção para a promoção da saúde. “Eu enfatizo também o fortalecimento do sistema imunológico da galinha”, diz Daniela.
O produtor Fernando Antunes de Lima procurou o curso em busca de inovação. “Aprendemos muito. Até aqui a gente criava as galinhas de forma muito arcaica e agora vamos poder adequar o aviário para que elas tenham um espaço mais arejado. Aprendemos boas alternativas na alimentação para uma produção mais sustentável”, comemora.
Com um conteúdo tão abrangente e explicado de forma tão clara, é comum os alunos saírem do curso com o gosto de “quero mais”. “Pena que foram apenas três dias”, aponta Michele, “mas a turma continua animada, compartilhando conteúdos pelo grupo do WhatsApp”. A troca de experiências e o fortalecimento de vínculos são outros ganhos de quem participa dos cursos do SENAR-SP. “Vários produtores já estão comprando mais lotes de aves. A nossa união vai ser muito benéfica e poderemos, no futuro, criar uma cooperativa”, vislumbra Michele.
Ela também elogia a iniciativa do Sindicato Rural em promover com frequência os cursos, com temas variados, ampliando os horizontes dos alunos e beneficiando pessoas de toda a região. “Eu mesma já tinha participado dos módulos de Morango Orgânico, Olericultura e Compostagem. Tornei-me assídua nos cursos, pois todos me agregam muito conhecimento”, conclui Michele.
Para informações sobre cursos e programas do SENAR-SP, consulte o sindicato de sua região ou acesse: faespsenar.com.br/cursos
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