Aldeia indígena em Itaporanga diversifica produção de objetos com curso de artesanato em bambu
Peças são comercializadas no turismo local ou em eventos culturais na cidade
“Foi o melhor curso de artesanato em bambu que ministrei até hoje, em participação e envolvimento dos alunos”, descreve Anderson Henry Lopes, instrutor do SENAR-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), sobre as aulas na aldeia indígena Tekoa Porã, no município de Itaporanga. Fruto de uma parceria entre o SENAR-SP e o Sindicato Rural de Taguaí, o curso aconteceu no final de julho, envolvendo 15 alunos, que aprenderam a elaborar novos objetos para incrementar a produção artesanal e ampliar a fonte de renda.
Criada em 2016, a aldeia Tekoa Porã é formada por indígenas de origem tupi-guarani e conta com 14 famílias, totalizando 49 pessoas. Eles já dominavam a técnica para confeccionar objetos como arco e flecha, vestimentas, zarabatanas (armas feitas de um tubo de madeira), bijuterias utilizando sementes, mas desejavam aprender a amarração do trançado para criar itens e diversificar as possibilidades de venda aos turistas que visitam o local ou nos eventos culturais dos quais participam na cidade. “Eu fiquei surpreso com o envolvimento deles, pois imaginei que os indígenas já sabiam tudo sobre a arte com bambus. Eles se mostraram muito animados em aprender a nova técnica. Ao final do dia de aula eles continuavam até a noite, para terminar as peças”, conta Anderson.
O curso conta com carga horária de 40 horas, divididas em cinco dias, resultando na produção de 10 objetos. Os participantes aprenderam desde a identificação do melhor tipo de bambu para a elaboração da cestaria (no caso, a taquara) até a comercialização do produto. Modelaram instrumentos como o samburá (cestinho para transportar o peixe), o jacá (cesto para transportar carga no lombo de animais), balaio e peneira.
O alcance social da iniciativa é notório, segundo Marcelo de Azevedo, coordenador do SENAR-SP no Sindicato Rural de Itaguaí. “É um povo ávido por novos conhecimentos, que não tem muitas iniciativas voltadas a ele. Percebemos que o aproveitamento foi de 100% entre os alunos”, relata. Ele elenca vários cursos que já foram ministrados na aldeia pelo SENAR-SP, com resultados igualmente positivos, como olericultura básica – compostagem e artesanato em fibras vegetais. “Eles fizeram um cântico e uma oração em agradecimento a nós, ao final do curso de artesanato em fibras vegetais. Foi muito emocionante”, lembra Marcelo.
O cacique Angerri da Silva foi um dos participantes do módulo, que trouxe qualificação e a possibilidade de maior renda, segundo ele. “Para nós foi muito importante aprender a fazer objetos como balaio e cesto porque valoriza nosso artesanato”, diz o líder da aldeia que significa “solo sagrado”, em tupi guarani. Ele destaca a diversidade na faixa etária dos moradores da comunidade, que envolveu crianças, jovens, adultos, até os idosos, considerados os mais sábios da comunidade. “Eles são os nossos txeramõi, a quem respeitamos e valorizamos”. Iniciativas como a do SENAR-SP são fundamentais para a preservação e a divulgação da expressão cultural do povo indígena.
Para informações sobre cursos e programas do SENAR-SP, consulte o sindicato de sua região ou acesse https://faespsenar.com.br/cursos/
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