Acompanhamento de Safra: Produção brasileira de cana-de-açúcar apresenta retração de 9,5% frente aos resultados da safra 2020/21
Considerando os efeitos adversos da estiagem e as geadas ocorridas recentemente, o impacto nas lavouras do país é grande. No estado de São Paulo, é estimado volume 15,7% inferior ao colhido na temporada passada
Com base no 2º Levantamento da Safra 2020/2021 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) produziu um relatório sobre o desempenho do setor, tendo como referência os dados deste mês de agosto. “Constatamos redução das estimativas de safra de cana-de-açúcar, cuja produção deverá alcançar 592 milhões de toneladas, volume 9,5% inferior ao obtido na temporada 2020/21”, salienta o presidente sistema FAESP/SENAR-SP, Fábio de Salles Meirelles.
Em comparação ao levantamento anterior, houve redução de 5,7% na produção estimada de cana-de-açúcar, tendo em vista a consideração dos prejuízos causados na lavoura em decorrência da seca prolongada e das geadas ocorridas recentemente. Apesar do recuo das estimativas, o setor agrícola continua desempenhando papel fundamental para a economia brasileira, garantindo a segurança alimentar, fomentando as exportações e a balança comercial, visto que o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, e a produção paulista responde por mais da metade da área plantada no país”, enfatiza o presidente da entidade.
No ciclo atual, também houve retração na área em produção em virtude da concorrência com culturas economicamente mais atrativas, a exemplo de soja e milho. A estimativa é de que sejam destinados 8,24 milhões de hectares para o cultivo de cana-de-açúcar na safra 2021/22, uma queda de 4,33% em comparação ao ciclo anterior.
“Por outro lado, mantém-se a expectativa de produção de etanol de milho, que deve passar de 3,36 bilhões de litros, o que representa um incremento de 11,25% em relação à safra anterior”, relata Meirelles, completando: “Do volume produzido de cana, 275 milhões de toneladas estão destinadas à produção de açúcar e 316 milhões à fabricação de etanol, embora haja queda na produção de etanol de cana-de-açúcar.”
Desempenho Paulista
Mesmo com a boa expectativa de preços do setor sucroenergético, a safra de cana-de-açúcar no estado de São Paulo deve apresentar redução em seu volume final, se comparada à temporada anterior. A produção paulista está estimada em 298,7 milhões de toneladas, o que significa uma redução de 15,7% em relação ao volume colhido na safra passada. A área destinada à produção deverá sofrer decréscimo de 7,9%, ficando em cerca de 4 milhões de hectares. Já a produtividade média esperada está próxima a 72,9 mil quilogramas por hectare.
As condições climáticas têm sido fator preponderante para as avaliações da safra de cana-de-açúcar nesta temporada. Desde o início do ciclo, têm sido observados níveis pluviométricos abaixo do esperado em períodos importantes para o desenvolvimento da cultura, o que, somando à irregularidade na distribuição de chuvas e à ocorrência de geadas, resultou em grande impacto no potencial produtivo das plantas.
Quanto à destinação do vegetal colhido nas unidades de produção, o indicativo é de maior direcionamento para a fabricação de açúcar (cerca de 56% do volume total de cana-de-açúcar para geração do adoçante e 44% para produção de etanol), objetivando honrar os contratos de exportação previamente acordados, além da possibilidade de aproveitamento dos preços atrativos do adoçante internacionalmente em virtude da baixa oferta global do produto.
Quanto à área cultivada, no geral, a redução foi causada pela substituição do produto por graníferas, como soja e milho. São Paulo foi o estado que apresentou a maior redução neste quesito. Contudo, continua sendo o maior Estado produtor de etanol no Brasil
Deixe seu comentário