FAESP marca presença na Semana Internacional do Café
Evento em Belo Horizonte reuniu lideranças, produtores e representantes do governo; clima, seguro e crédito dominaram a pauta
A cidade de Belo Horizonte (MG) sediou entre os dias 16 e 18 de novembro a Semana Internacional do Café (SIC) 2022. Destinado a cafeicultores, profissionais, torrefadores, cafeterias e compradores nacionais e internacionais, o evento reuniu lideranças dos principais estados produtores da rubiácea no Brasil. A Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) e os produtores paulistas foram representados por Guilherme Vicentini e Ademar Pereira, membros da Comissão Técnica de Cafeicultura da Federação.
Paralelo às exposições e competições de qualidade dos grãos e de talento de baristas, a SIC sediou uma bateria de encontros entre a classe produtora e o poder público, representado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por parlamentares da Frente Parlamentar da Cafeicultura e bancos públicos. “Estávamos na companhia de representantes de cafeiculturas dos principais estados produtores, que são Rondônia, Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais”, conta Pereira, que também é presidente do Sindicato Rural (SR) de Caconde.
União entre produtores e desafios
A troca de ideias entre lideranças de todo o Brasil ajuda a identificar os desafios enfrentados pelo setor, e também as soluções para eles. Alguns desses gargalos são antigos conhecidos, como questões ligadas à sazonalidade da produção e problemas com mão de obra. Mas, neste ano, um novo assunto dominou a conversa. “O que mais tem assombrado é o clima. Atualmente esse é o maior desafio de se produzir café no Brasil”, afirma Pereira.
Secas prolongadas, ventos fortes, calor excessivo e chuvas de granizo se revezaram ao longo de 2022, castigando até mesmo quem já se protege contra intempéries – exemplo de quem faz cultivo protegido ou conta com irrigação. “Nesse cenário, o que mais tem se discutido é o que podemos fazer para alcançar a resiliência climática”, afirma o presidente do SR de Caconde.
Frustração de safra e novos acordos
O clima, que nos últimos anos tem prejudicado a produção e reforçado a necessidade do seguro rural, foi pauta da primeira reunião do encontro, com a Comissão Nacional do Café da CNA “O primeiro assunto a ser tratado foi a frustração de safra e o que pode ser feito para tratar os efeitos das chuvas de granizo”, conta Vicentini, coordenador da Comissão Técnica da FAESP. O encontro reuniu entidades dos produtores e do governo. Estiveram presentes parlamentares da Frente Parlamentar do Café, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, João Martins, FAEMG, e diversos sindicatos e cooperativas do segmento, como as mineiras Coopercam, COCATREL e Minasul.
Na tarde do mesmo dia, a FAESP compôs uma reunião com representantes do Banco do Brasil e do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (FUNCAFÉ), do MAPA. O encontro foi proveitoso. “O banco se disponibilizou a fazer um trabalho junto às agências pra facilitar a vida do produtor que teve problemas climáticos este ano”, resume Vicentini. Com laudo técnico que comprove os danos à lavoura por fatores climáticos, o produtor pode protocolar pedidos de prorrogação de financiamentos do PRONAF. Além dessa medida, que deve possibilitar um alívio para quem está enfrentando problemas neste final de ano, o encontro obteve o compromisso de incremento de uma linha de crédito especial voltada a cafeicultores cuja produção é impactada pelo clima, com fundo atual de R$ 160 milhões.
Seguro rural e o exemplo da FAESP
“Foi unânime a percepção de que o setor precisa de união. O trabalho da FAESP foi elogiado nesse sentido e também em relação ao esforço feito sobre o seguro agrícola”, diz Pereira. O exemplo da articulação da FAESP foi lembrado por produtores de fora do estado durante o encontro da Comissão Nacional de Café, pois a cultura está na busca para encontrar o “seguro eficaz para a atividade”, afirma Vicentini. “O Sindicato Rural de Altinópolis foi pioneiro há 12 anos criando o Cafezal Seguro (Vida da Planta + Perda de Produção Futura em decorrência de Granizo e ou Granizo e Geada + Tratamento Fitossanitário). Começamos com 500 hectares e hoje temos em torno de 20 mil na região da Alta Mogiana. É um caso de sucesso e eles pediram nosso apoio para incrementar o seguro e disseminá-lo”, conta o coordenador da Comissão da FAESP.
A percepção é que, independentemente da região, os cafeicultores brasileiros enfrentam questões parecidas, o que enseja ainda mais a união. Por isso, os representantes dos produtores também concordaram que, entre os próximos passos, está a articulação com novas gestões de governo nos Estados e na Presidência da República. Em São Paulo, foi pleiteado a ampliação da subvenção do seguro rural, visando o aprimoramento e aumento de recursos do programa estadual. A nível federal, R$ 200 milhões ainda esperam ser repassados ao produtor, em demanda recente de suplementação orçamentária. “Precisamos cobrar para que esse recurso seja incluído no circuito”, lembra Vicentini.
Por aqui, os membros da FAESP reforçam o compromisso da Comissão Técnica em levar aos cafeicultores as orientações mais recentes e de ação mais efetiva. “Cada produtor que teve seu problema climático, que é o ponto mais importante para todos, deve ser orientado pelos sindicatos a fazer um laudo técnico e com ele ir até a instituição financeira”, observa. O coordenador da Comissão Técnica destaca que o setor já vem de dois anos desafiadores, o que torna ainda mais urgente a minimização de prejuízos no curto prazo. “É uma cultura que traz muitas receitas para o Estado de São Paulo e gera muitos empregos”, lembra.
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