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Sobra açúcar no mundo: produtores nacionais arcam com prejuízos

04 de outubro, 2018 - por FAESP/SENAR-SP

O setor canavieiro atravessa um momento difícil. Os preços internos do açúcar caíram drasticamente no Brasil, em razão da superprodução na Índia e Tailândia. “Tem açúcar sobrando no mundo, os produtores nacionais não conseguem mercado para o produto e sofrem prejuízos. Os contratos futuros do açúcar despencaram, nas bolsas internacionais, após o governo indiano aprovar incentivos às exportações de pequenas usinas e aumentar o valor pago diretamente aos produtores de cana, o que deixa o preço do produto menos atraente no mercado internacional”. A Afirmação é de Edson Ustulin, coordenador da Comissão especial de Cana-de-açúcar e Energia Renovável da FAESP.

Ressalta que o aumento do subsídio indiano à produção e à exportação de açúcar, em 2018/19, levou os contratos futuros da commodity, em Nova York, de volta ao menor patamar em dez anos. “Assim, esta safra deve ser mais voltada para a atividade alcooleira e menos para a produção do açúcar”.

Registra que a produção de açúcar do Brasil deve cair ainda mais em 2019 com menor safra. A prudência significa ter uma gestão voltada à racionalização de custos, replanejamentos de manejo, de investimentos e de tecnologias ainda prematuras. Tudo tem que ser analisado com profundidade a relação custo/beneficio. Exportar açúcar subsidiado é crime comercial, inaceitável.

Diz que, depois, de uma grande queda na safra atual, em razão da seca e reduzida manutenção de plantio o resultante é uma pequena colheita de cana-de-açúcar. “Na medida em que o volume de cana cai, as usinas priorizam a produção de etanol ao invés de açúcar, devido a melhores retornos do biocombustível”.

Ele projeta que cerca de 11% dos canaviais sejam renovados neste ano, abaixo do nível ideal de 17 a 18%, o que levará a mais campos antigos que tendem a produzir menos. “O envelhecimento das lavouras, a baixa taxa de renovação, a falta de investimento em algumas regiões e a redução do pacote tecnológico têm mantido as médias brasileiras inferiores a 80.000 kg/há”.

A produtividade da planta também caiu em razão da estiagem e a projeção da Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) é de que a safra atinja cerca de 560 milhões de toneladas de cana, queda de 6,04% em relação as 596 milhões de toneladas previstas inicialmente. “Além disso, a desvalorização do Real frente ao dólar no decorrer de setembro fortaleceu a posição das usinas em aumentar os preços ofertados, já que o maior volume de açúcar produzido no Brasil é exportado”.

Finaliza afirmando que o momento atual exige prudência “não é hora de aumentar a produção. É tempo de aguardar para não sofrer mais perdas”.

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