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Segurança alimentar depende do combate
ao desperdício e melhoria da logística

25 de novembro, 2022 - por FAESP

Fábio de Salles Meirelles*

Neste momento, no qual os impactos remanescentes da pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia provocam redução da oferta e aumento global do preço dos produtos do agronegócio, merece muita atenção relatório divulgado recentemente pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O estudo revela que 17% de toda a produção global de comidas são desperdiçados.

As causas do problema mostram ser necessária a conscientização mais ampla da população quanto ao consumo responsável, pois a maior parte das perdas, cerca de 10%, ocorre dentro das casas. Nos restaurantes e refeitórios, 5%, e no varejo, 2%. Esse desperdício é uma afronta às 345 milhões de pessoas que atualmente passam fome em todo o mundo, número que dobrou desde 2019, segundo o Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês). Não é sem razão que as Nações Unidas estão conclamando os governos, organizações da sociedade, empresas e famílias a priorizarem ações voltadas a reduzir as perdas.

No Brasil, além da questão relativa ao consumo responsável, temos outro problema que causa o desperdício de alimentos: o transporte e a logística, prejudicados pela precariedade da infraestrutura. O mau estado das rodovias, o manejo incorreto das mercadorias nos armazéns e o uso de implementos rodoviários inadequados provocam muitos danos. Segundo pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqLog), 1,58 milhão de toneladas de soja e 1,34 milhão de toneladas de milho caíram nas estradas e esteiras transportadoras em 2020. Isso também causa prejuízos aos produtores.

As perdas de comida, além de conspirarem contra a segurança alimentar – pois o volume poderia nutrir milhões de pessoas –, têm significativo impacto ambiental. O raciocínio é lógico e simples: quando alimentos escorrem pela lata do lixo, os sistemas usados para sua produção, como água, terra, energia, força de trabalho e capital, também são perdidos. Conforme alerta a FAO, a comida desperdiçada é responsável por 7% das emissões de gases de efeito estufa e 30% das terras agricultáveis, usadas inutilmente para o cultivo de produtos que acabam não sendo consumidos.

O problema é grave e precisa ser encarado de frente pelos governos de todo o mundo. No Brasil, agravado pela crônica deficiência de infraestrutura, o tema merece atenção especial. Além de iniciativas mais consistentes e massificadas de conscientização e educação sobre consumo consciente, é necessário um esforço redobrado, não só de investimentos estatais, como de parcerias público-privadas, para modernizar e tornar mais eficaz nosso sistema de transporte e logística.

Promover a segurança alimentar é um compromisso sério de nosso país, protagonista global do agronegócio!

*Fábio de Salles Meirelles é o presidente do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural-SP (FAESP/SENAR-AR/SP)

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