Programa de Olericultura Orgânica do SENAR-SP agrega valor à produção rural
Alface, berinjela, cebola, cheiro verde, manjericão, pepino, pimenta americana, tomate, uva. No sítio Sakuma, em Araçatuba (SP), esses produtos foram cultivados neste ano levando-se em conta os métodos da agricultura orgânica. Também chamada de biológica, é um sistema alternativo que tem por finalidade a oferta de produtos saudáveis, priorizando a qualidade do alimento. É realizada por meio de técnicas específicas que contrapõem a utilização de agrotóxicos e fertilizantes em todas as fases do processo.
A propriedade foi a sala de aula para 20 produtores rurais do Noroeste Paulista, que desde fevereiro passaram por 136 horas de treinamentos (dois dias por mês, durante oito horas a cada dia) e concluíram neste mês o programa Olericultura Orgânica, promovido pelo SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste), em parceria com o SENAR-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Todos estão em busca de um diferencial na produção de alimentos.
O instrutor Marcelo Sambiase explica que, entre teoria e prática, foram abordadas técnicas de preparo do solo, plantio, tratos culturais, pragas e doenças, colheita, e comercialização e certificação. “O objetivo é capacitar produtores, trabalhadores rurais e seus filhos para a produção orgânica, levando em conta que se trata de um movimento global, que cresce a cada dia”, afirma Sambiase.
Valor agregado
No programa, Cristiane Sakuma, uma das alunas, aprendeu as diferenças da agricultura em relação à convencional, que utiliza adubos e defensivos e industrializados. Uma delas é que a margem de lucro tende a ser maior, pois o produto tem alto valor agregado. “O sabor do alimento orgânico é diferente. A qualidade do produto é melhor e o consumidor senti isso”, garante Cristiane. A produção do sítio Sakuma é vendida na Feira do Produtor Rural, realizada toda terça-feira, das 16h às 20h, na praça Getúlio Vargas, em Araçatuba.
A agricultora faz questão de destacar que há 25 anos participa de ações do SENAR-SP, e neste tempo teve acesso a ferramentas que facilitaram e melhoraram o seu trabalho no campo. “Este programa de orgânicos marcou a minha vida. O instrutor fez com que eu entendesse o quanto o solo é vivo. Não sou mais a mesma pessoa de quando iniciou o programa. Hoje, olho para o solo com mais carinho e respeito, e peço perdão a Deus por tanto ter agredido a terra com o manejo errado. Olho pro mato de outra forma também, enxergando ele como meu aliado. O programa, o instrutor, as entidades envolvidas me ajudaram a quebrar paradigmas e abrir a mente. Sou grata por tudo isso”, elogia Cristiane.
Estudo recente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) identificou crescimento médio de 11% nas vendas de produtos orgânicos no mundo, entre 2000 e 2017, período em que o número de produtores subiu de 253 mil para 2,9 milhões. No Brasil, apesar de os dados ainda serem imprecisos, estimativas apontam crescimento médio de 17% entre 2010 e 2018, para cerca de 17 mil produtores orgânicos.
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