Pecuária paulista é destaque em qualidade e segurança sanitária
Qualificação oferecida pela Faesp/Senar é essencial para o desenvolvimento do setor, que está livre da febre aftosa há 26 anos. Entidades estão concluindo proposta para a estruturação de um fundo sanitário estadual.
A pecuária paulista, que soma 11 milhões de cabeças, destaca-se cada vez mais no cenário brasileiro e internacional pelo nível de qualidade e segurança. E a tendência, nos próximos anos, é de um salto ainda maior, graças aos investimentos no setor sanitário, em tecnologia e qualificação, com um papel decisivo do Sistema FAESP/SENAR (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SP).
O presidente das entidades, Fábio Meirelles, lembra que o rebanho paulista é comparável ao porte do existente no Uruguai, país com larga tradição na atividade e reconhecido mundialmente pela excelência da sua proteína. Ele ressalta que é justamente no quesito qualidade que a pecuária de São Paulo vem se aprimorando. “A tecnologia está cada vez mais presente, sobretudo no uso da genética”, ressalta.
Segundo Meirelles, os atributos do rebanho paulista são comparáveis aos melhores do mundo, tanto que tem espaço nos mercados mais rigorosos. “A melhoria genética foi essencial para o desenvolvimento de raças mais resistentes, adaptadas e produtivas”, enfatiza, acrescentando: “No tocante à questão sanitária, o Estado de São Paulo foi pioneiro em estabelecer programas de capacitação e comunicação e iniciativas para a vigilância epidemiológica, uma vez que, com projetos como o do Fundepec-SP, conseguiu vencer a febre aftosa, que teve seu último caso registrado há 26 anos”.
A união dos entes do setor público com entidades como a FAESP/SENAR e os produtores foi essencial para atingir os bons resultados. “Os pecuaristas são extremamente responsáveis, por exemplo, em questões como vacinação e rastreabilidade do rebanho. Tal fator gerou excelentes resultados”, afirma o dirigente, observando que a pecuária de São Paulo também se destaca em questões de sustentabilidade e bem-estar dos animais, alinhada com as melhores práticas globais. “Isso garantiu não só a qualidade do produto, mas também abriu mercados importantes”.
Novos desafios
Contudo, novos desafios aproximam-se. O Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA) prevê a retirada da imunização, para que se possa pleitear na OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) o status oficial de rebanho livre da doença sem vacinação, considerando as excelentes condições sanitárias do plantel nacional.
O setor pecuário do Estado de São Paulo, levando em conta as instituições públicas e privadas, bem como todos os agentes econômicos da cadeia produtiva, precisa preparar-se para esse momento, no qual medidas como a vacinação devem ser substituídas por controles mais rígidos de vigilância, comunicação, cadastro de propriedades e operações que viabilizem melhor gerenciamento de riscos sanitários. Os programas de controle de enfermidades como brucelose e tuberculose também precisam apoiar-se nesse novo modelo.
Além das responsabilidades inerentes às autoridades, impõe-se a necessidade de estruturar um fundo de defesa sanitária pelo setor privado, para apoiar o serviço de vigilância e, eventualmente, indenizar a perda de animais que precisem passar por sacrifício ou abate sanitário.
O sistema FAESP/SENAR, por meio de demanda das Comissões Técnicas de Pecuária de Corte e Leite, está concluindo proposta para a estruturação de um fundo sanitário para o Estado. A proposta deve ser apresentada ao setor para críticas e sugestões, visando construir um projeto único, que atenda aos objetivos de desenvolvimento da pecuária paulista, em conformidade com as legislações estadual e federal.
A FAESP tem desempenhado papel importante na defesa dos interesses da pecuária paulista. Tanto que é representante do Estado de São Paulo pelo setor privado no Grupo de Gestão do PNEFA (bloco IV) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Além disso, mantém contatos permanentes com os produtores e trabalhadores do setor, por meio dos sindicatos rurais. A qualidade da pecuária paulista também passa pela capacitação permanente, em programas desenvolvidos pela FAESP e pelo SENAR-SP. “A qualificação é muito relevante para o desenvolvimento da atividade, nas questões essencialmente técnicas e em gestão. Por isso, nossa iniciativa em desenvolver conteúdos e cursos voltados para o setor”, finaliza Meirelles.
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