No Dia da Alimentação, FAESP destaca ações de abastecimento, alertando sobre índice de piora da fome
Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) alerta para a premência dos esforços voltados à erradicação da fome no Brasil e no mundo. O problema tem alto risco de agravamento em decorrência do aumento do desemprego provocado pela crise da Covid-19. Segundo o Banco Mundial (BIRD), somente na América Latina 25 milhões de pessoas ficarão sem trabalho em 2020.
“Relatórios das Nações Unidas anteriores à pandemia indicavam que o número de pessoas subalimentadas no mundo era de 821 milhões, significando que um em cada nove habitantes passa fome”, observa Fábio Meirelles, presidente do sistema FAESP/SENAR-SP, alertando: “Na infância, os números são mais graves: quase 151 milhões de crianças menores de cinco anos estavam com atraso em seu crescimento devido à carência alimentar”.
No Brasil, de acordo com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), houve redução expressiva nos índices de desnutrição de crianças entre 1996 e 2006. “Mesmo assim, seguimos enfrentamos índices inaceitáveis, principalmente em um país que é um dos maiores produtores mundiais de alimentos”, pondera Meirelles, citando dados do organismo multilateral que indicam serem 6,7% dos brasileiros menores de cinco anos vítimas da desnutrição.
“Obviamente, o processo de inclusão social, em especial pela geração de empregos em larga escala, é o meio mais eficaz de combater a fome. Por isso, defendemos uma política econômica voltada à retomada de um fluxo mais vigoroso de crescimento do PIB”, ressalta o presidente da FAESP, opinando que uma das principais medidas nesse sentido é a reforma tributária, que “pode e deve ser indutora de investimentos e dos negócios e não um empecilho”.
Com esse olhar, a entidade tem se mobilizado em defesa dos produtores rurais, acompanhando de perto as propostas de Reforma Tributária que estão em tramitação (PEC 45/19, da Câmara dos Deputados, PEC 110/19, do Senado, e o Projeto de Lei 3.887/20, do Executivo).
“O Dia Mundial da Alimentação é oportuno para lembrar que a tributação inadequada da comida conspira contra a meta prioritária da erradicação da fome. Somos contrários a qualquer tipo de aumento de impostos nos alimentos. Ademais, o setor agropecuário, gerador de milhões de empregos e decisivo para a inclusão socioeconômica, não pode ter sua competitividade comprometida pelo aumento de impostos, um risco que devemos debelar no Brasil”, frisou Meirelles.
Ações para manter abastecimento
Além dessas gestões políticas, a FAESP tem realizado ações destinadas a contribuir para a manutenção do abastecimento, de apoio aos agropecuaristas e aos consumidores. Uma dessas iniciativas é o “Pertinho de Casa”, criado para fazer frente à ameaça que a pandemia impôs a numerosos pequenos e microprodutores rurais e varejistas de alimentos, impedidos de colocar os produtos no mercado. “Trata-se de um aplicativo que possibilita a compra direta por parte dos consumidores e cujo sucesso evitou que muitas famílias engrossassem a fila do auxílio emergencial do governo e o rol dos socorridos pela fraternidade. Estão produzindo, vendendo, ganhando seu dinheiro e atendendo milhares de pessoas”, explica o presidente da FAESP.
Tal objetivo também foi alcançado em outra ação liderada pela entidade: centenas de costureiras, muitas delas instrutoras dos cursos do SENAR-AR/SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), foram mobilizadas para produzir milhões de máscaras destinadas a produtores e trabalhadores do campo e à santas casas de misericórdia do interior paulista. Essas mulheres, muitas delas arrimos de família, estariam sem renda no momento mais agudo da pandemia. Contudo, estão trabalhando e se mantendo.
A entidade promoveu, ainda, modelos de feiras totalmente adequados aos protocolos de segurança para evitar o contágio pelo coronavírus, contribuindo para a retomada desse importante comércio de alimentos, e ajudou na adoção de medidas de segurança sanitária no Entreposto Terminal de São Paulo, da Ceagesp. “Ações como essas são decisivas num momento tão difícil do Brasil e do mundo”, frisa Meirelles, enfatizando a pertinência de trecho de pronunciamento em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação, em 2019, feito pelo mexicano Rafael Zavala, representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO): “Comer melhor também significa apoiar os pequenos agricultores, redistribuir renda, respeitar a natureza e nutrir o mundo com comida de verdade”.
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