Ministério fará parceria com supermercados para venda de produtos da agricultura familiar
O pequeno produtor rural, sozinho, não terá acesso ao mercado e aos supermercadistas e, caso tenha, terá muitos riscos financeiros e judiciais inerentes a esse contrato. Essa é a opinião de Ricardo Sato, presidente do Sindicato Rural de Suzano, coordenador técnico da comissão de hortaliças e flores e agricultor familiar, ao comentar informação de que o Ministério da Agricultura quer pôr em prática um acordo de cooperação técnica com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) para valorizar e incentivar a venda de produtos da agricultura familiar em supermercados.
Para execução da medida, Sato argumenta ser necessária uma organização de vários produtores rurais, “pois, para iniciar, existe um conjunto de fatores para atender esse cliente que hoje não tem capacidade de investimento – a menos que haja linhas de financiamento para viabilização”.
Salienta que o posicionamento do governo nesta medida de abrir um leque de comercialização é muito bem-vindo, principalmente com a criação do selo de diferenciação do produtor rural familiar. “No entanto, devemos deixar claro que a formalidade saia do papel e chegue ao campo para os produtores rurais, incentivados por Sindicatos e associações e acompanhados por técnicos extensionistas”, afirmou Sato.
Analisa que sindicatos, federações e a CNA devem ajudar nas capacitações exigidas pelos supermercadistas, como: planilha de rastreabilidade, embalagens e estorno de produtos não comercializados. Para que esses e outros quesitos sejam cumpridos, há necessidade de organização e incentivo dessas entidades.
Na sua opinião, para o pequeno empreendedor rural familiar, e até médio produtor, todo canal de venda é bem quisto. “Precisamos capacitar os produtores em boas práticas da agricultura e organizar grupos para comercialização por meio de cooperativas”, diz Sato. “O pequeno produtor rural não deve concentrar a comercialização dos seus produtos e sim diversificá-la”.
A agricultura familiar, presente em 90% das propriedades rurais, colabora para a geração de renda e emprego, além de melhorar o nível de sustentabilidade no setor agrícola – mesmo que não receba reconhecimento. Logo, dando mais voz ao pequeno produtor rural, os benefícios para o setor agrícola brasileiro só tendem a crescer com o ao longo dos anos.
Deixe seu comentário