FAESP e Sindicatos Rurais colaboram com Projeto Campo Futuro da CNA
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, nas últimas semanas, com o apoio da FAESP e parceira dos Sindicatos Rurais, os levantamentos de custos de produção de cana-de-açúcar, café e pecuária de leite. Contribuíram para o levantamento dos dados os Sindicatos de Ituverava, Penápolis, Pirassununga, Caconde e Guaratinguetá.
A iniciativa faz parte do Projeto Campo Futuro, que analisa as informações obtidas a partir da realidade produtiva apresentada pelos produtores nos encontros que passaram a ser virtuais neste ano, por medidas de segurança e prevenção ao contágio do coronavírus.
Cana: custos de produção foram levantados em Ituverava, Penápolis e Pirassununga
Em Ituverava, onde a área de plantio corresponde a 400 hectares, a produtividade obtida na última safra foi de 85 toneladas por hectare, um ganho de 9% em relação ao levantamento anterior. Também houve alta de 14,5% no açúcar total recuperável (ATR).
De acordo com o assessor técnico da CNA Rogério Avellar, a receita obtida com a atividade foi de R$ 97,98 por tonelada e cobre o Custo Operacional Total (COT), que foi de R$ 89,71 por tonelada, gerando margem líquida positiva de R$ 8,27 por tonelada. Porém, em relação ao Custo Total (CT) de R$ 123,37 por tonelada, que engloba o COT, a remuneração de terra e o capital, o produtor tem prejuízo de R$ 25,39 por tonelada.
Em Penápolis, foi retratada a realidade produtiva de uma propriedade de 120 hectares com produtividade média de 70,5 toneladas por hectare. Observou-se também um aumento de 9,7% do preço do ATR com relação à última safra. O COT fechou em R$ 83,53 por tonelada de cana enquanto o CT ficou em R$ 111,53 por tonelada e a receita bruta foi de R$ 91,80 por tonelada de cana. Assim, o produtor de cana em Penápolis tem arrendado mais terras para produtores de soja e amendoim com o objetivo de melhorar as condições de solo e reduzir os custos com a renovação do canavial.
Já em Pirassununga, a propriedade típica da região possui 50 hectares de lavoura, com plantio 100% manual e colheita 90% mecanizada. A produtividade da safra 2019/2020 sofreu queda de 8,5% em relação à safra anterior, passando de 82 para 75 toneladas por hectare, em razão da forte seca que atingiu a região. Por outro lado, o levantamento apontou que houve melhoria na qualidade da matéria-prima em Açúcar Total Recuperável (ATR), um aumento de 8,7%. O preço do quilo do ATR também subiu, passando de R$ 0,62 para R$ 0,70, alta de 12,9%.
O Custo Operacional Total (COT) fechou em R$ 88,77 por tonelada de cana. Já o Custo Total (CT) ficou em R$ 123 por tonelada e a receita bruta foi de R$ 105 por tonelada de cana. “Isso tudo gerou margem líquida de R$ 16,23. Mas quando associamos a remuneração da terra ao do capital, esse produtor tem um prejuízo de R$ 18,06 por tonelada de cana”, disse Avellar.
Café: dados preliminares identificaram em Caconde uma propriedade modal de 5 hectares de lavoura de café arábica e produtividade de 45 sacas por hectare.
Segundo relatos dos produtores rurais, a qualidade da bebida em 2020 foi muito superior aos anos anteriores, com elevado percentual de bebida mole. Assim, as despesas com mão de obra representam 34% do Custo Operacional Efetivo (COE), enquanto os custos com mecanização respondem por 11% do COE, e os insumos, 37%.
“As margens bruta e líquida foram positivas e a atividade tem lucro, remunerando o produtor no longo prazo pela alta produtividade de Caconde. A produtividade interfere na lucratividade”, explica Raquel Miranda, assessora técnica da CNA, que conduziu o painel, juntamente com o coordenador do Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA), Matheus Marques.
Leite: o levantamento foi em Guaratinguetá, para uma propriedade modal da região composta por animais da raça Girolando, com uma produção diária de 900 litros, sendo 50 vacas em produção e uma produtividade de 18 litros por vaca ao dia.
O COE da propriedade representou 79,4% da receita, permitindo que o produtor de leite tenha margens positivas. O principal custo da propriedade é com alimentação, o que compromete 42,5% da sua receita. “A propriedade consegue ter bons índices técnicos de produção, mas a genética apurada, somada a fatores climáticos e gargalos nutricionais, comprometem os indicadores reprodutivos”, afirmou o assessor técnico da CNA, Gabriel Oliveira.
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