FAESP: Comissão Técnica de Avicultura e Suinocultura discute o cenário econômico das atividades e a importância das Cadecs
Apesar do delicado momento econômico, em especial da suinocultura, os dois segmentos estão se recuperando; produtores precisam fortalecer sua atuação junto à agroindústria
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) promoveu encontro virtual da Comissão Técnica de Avicultura e Suinocultura em 04/08. Participaram da reunião Marco Aurélio Callegari, Luciana Dalmagro, Pedro Tonetti, Eloisa Binelli, Marcos Roberto de Souza, Rafael Lima Filho, assessor técnico de pecuária de corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e o corpo técnico da Federação: Cláudio Brisolara, Érica Barros, Thiago Rocha, Thiago Soares e Patrick Rocha.
O assessor técnico da CNA fez uma apresentação bastante detalhada sobre o panorama econômico da suinocultura e da avicultura e as implicações em nível nacional, bem como a influência do cenário econômico internacional – em especial os reflexos da demanda da China na variação dos preços obtidos pelos produtores paulistas. Segundo o técnico da CNA, com a recuperação da produção de suínos na China, o país passou a importar menos do Brasil, e hoje somente a importação de carne bovina brasileira demonstra crescimento. Segundo dados do CEPEA, a variação dos preços de carne suína e de frango foi tanta que, nos meses de abril e maio deste ano, o preço da carne de frango no atacado chegou a superar o da carne suína, algo inédito nos últimos anos. Apesar dos desafios enfrentados por suinocultores e avicultores, o cenário é de recuperação, mas exige atenção desses dois segmentos.
Mas o tema que gerou mais argumentações durante a reunião foi a situação atual das Comissões para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração, as Cadecs. Essas comissões são formadas por representantes dos produtores e de empresa integradora (agroindústria) para promover a transparência nas negociações entre as duas partes. As Cadecs, que deveriam estabelecer uma relação de forças mais equilibrada entre a indústria e os produtores integrados, ainda não atingiu este objetivo, pois estes estão sendo prejudicados por causa do maior poder de influência das empresas integradoras que acabam impondo suas decisões nas negociações – muitas vezes fazendo retaliação a produtores que participam das comissões.
Na visão dos participantes da reunião esse contexto é muito preocupante. “A indústria olha o produtor como um, mas para nós é uma pessoa e uma família que pode ser prejudicada em sua atividade”, disse Cláudio Brisolara, gerente do Departamento Econômico da FAESP. Para Thiago Soares, assessor jurídico da Federação, como a legislação que implementou as Cadecs não apresenta punição para o integrador pelo descumprimento ao que é acordado com os representantes dos produtores, as empresas acabam fazendo valer seus interesses. “Precisa melhorar a organização da participação do produtor rural na formação das Cadecs. É o momento de fazer isso, enquanto elas ainda estão sendo constituídas. Da forma como está hoje não há igualdade entre forças”, afirma. Segundo ele, a participação dos sindicatos e da Federação nesse processo é importante para garantir o equilíbrio de interesses.
Para Marco Aurélio Callegari, coordenador da Comissão de Avicultura e Suinocultura da FAESP, é possível fazer um trabalho junto às empresas integradas para que elas entendam que a Cadec não é uma adversária. “Ela é uma ferramenta que veio para somar e auxiliar na relação com os produtores”, reitera. A coordenadora adjunta da Comissão, Luciana Dalmagro, é uma questão que não se limita apenas ao Estado de São Paulo. “As Federações de todo o país podem influenciar na conexão entre produtores com a agroindústria”, avalia.
Eloisa Binelli, produtora integrada de uma Cadec na região de Jaú relatou que a pressão da agroindústria assusta muito o produtor integrado. “É necessária a participação de alguém mais forte junto aos produtores para conscientizá-los sobre as funções das Cadecs. O conhecimento sobre as comissões ainda é muito pobre no campo”, destaca. Marcos Roberto de Souza, produtor integrado da região de Itapetininga, descreve que houve até pressão da agroindústria local para que o técnico que representava os produtores fosse afastado. “É preciso um trabalho para fazer com que os integrados continuem acreditando que a Cadec é viável”, pondera.
O corpo técnico da FAESP anotou todas as questões levantadas durante a reunião e estudará maneiras de a Federação orientar os produtores na formação e participação das Cadecs. Mas é importante destacar que o SENAR-SP oferece, por meio dos sindicatos rurais, dois cursos voltados para a formação dessas Comissões, um destinado para avicultores e outro para suinocultores, que explicam com detalhes a legislação, técnicas de negociação, como participar da organização e conduzir reuniões e outros tópicos relevantes. É importante que tanto os produtores que já são integrados como os que pretendem participar de Cadecs participem desses cursos a fim de que possam exercer com mais assertividade seus direitos junto à agroindústria. Também é fundamental que os sindicatos rurais incentivem a participação dos produtores locais e façam um trabalho ativo para que a informação chegue a um número cada vez maior de pessoas.
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