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Crédito rural em 2022: qual caminho tomar?

04 de março, 2022 - por FAESP

Chefe do Departamento Econômico da FAESP orienta produtores que precisam tomar empréstimos e alavancar produção

Entra ano, sai ano e o crédito rural permanece no radar dos produtores. Como seria diferente? A tomada de empréstimos surge como necessidade em diferentes momentos da vida do produtor rural, seja na aquisição de máquinas e equipamentos, expansão dos negócios ou promoção de melhorias na propriedade.

Mas não é por ser um velho conhecido que o crédito rural não mereça atenção – muito pelo contrário. Especialmente neste início de 2022, após o Banco Central ter elevado pela oitava vez consecutiva a taxa básica de juros da economia, a Selic. Após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 5 de fevereiro, a alíquota chegou a 10,75% ao ano.

Como reflexo, todos as taxas de juros no País devem aumentar, inclusive no crédito rural. “O cenário em relação ao acesso ao crédito rural é complexo. Estamos com taxa básica de juro em elevação, e mesmo o crédito rural oficial, que tem taxas controladas e subvencionadas pelo governo, deve ficar mais caro”, alerta Cláudio Brisolara, Gerente do Departamento Econômico da FAESP.

A oferta de crédito de algumas linhas, sobretudo as oficiais, deve aumentar a partir de julho, quando o Plano Safra 2022/23 entrar em vigor. Neste cenário, qual caminho o produtor rural pode tomar? Veja as orientações de Brisolara sobre o tema.

Entenda as necessidades

“Conheça-te a ti mesmo”, já dizia o antigo aforismo grego. A regra milenar também vale neste caso. “É importante que o produtor avalie se ele realmente precisa fazer esse movimento. O crédito é imprescindível?”, questiona Brisolara. Em um cenário de taxas de juros altas, se o tomador tiver alguma frustração de safra corre-se o risco de entrar em uma espiral de endividamento.

Antes de ir a uma instituição financeira, é preciso colocar na ponta do lápis as reais necessidades de financiamento. Para o que o dinheiro seria usado? Em quanto tempo as melhorias proporcionadas pela injeção de capital seriam visíveis? Qual taxa de juros máxima cabe no fluxo de caixa do produtor? Essas perguntas devem ser respondidas com clareza e honestidade, orienta Brisolara. “O produtor deve ter muita parcimônia na hora de contratar crédito, e só demandar se realmente for necessário e na quantidade mínima requerida, para evitar riscos ao negócio”, aconselha.

Atenção aos juros

O Plano Safra 2021/22 termina no último dia de junho. A partir de julho, as ofertas de crédito deverão mudar, trazendo consigo custos de financiamento maiores. Neste cenário, é interessante buscar, prioritariamente, as linhas de crédito oficiais. “As linhas de crédito para investimento subvencionadas pelo governo federal têm prazos mais longos e taxas menores. Isso varia dependendo da linha, mas em média elas têm três anos de carência e 10 de prazo. São linhas adequadas, mas a taxa de juros frente ao retorno do empreendimento é que é fator determinante da viabilidade da tomada de crédito”, afirma.

As opções variam de acordo com o objetivo do financiamento. Entre elas, estão o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), que estimula técnicas que contribuam para a redução da emissão de carbono, as linhas Inovagro, Moderagro, ModerFrota e PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns), todos do BNDES. Já os pequenos produtores podem ser atendidos pelo Pronaf, e os médios pelo Pronamp. “Orientamos os produtores, caso precisem de crédito, que procurem o crédito rural oficial. O Banco do Brasil é o principal agente do segmento, mas outros bancos têm essa disponibilidade”, observa Brisolara.

Mitigando riscos

O crédito com recursos oficiais tem outra vantagem: com ele, a renegociação de dívidas é facilitada, em caso de frustração de safra. “Os financiamentos mantidos ao abrigo do crédito rural oficial têm amparo no Manual de Crédito Rural (MCR), que disciplina a forma como deve ser feita essa prorrogação do contrato”, diz. Segundo o regulamento, o produtor tem um protocolo a seguir, incluindo a comunicação do sinistro, a disponibilização da propriedade a uma vistoria que constate o prejuízo na atividade, laudo de vistoria de um engenheiro agrônomo e uma planilha que demonstre a incapacidade de pagamento do financiamento. “Com isso, ele tem amparo no MCR para conseguir o alongamento do contrato”, ensina o Gerente do Departamento Econômico da FAESP.

Brisolara destaca que é importante estar pronto para imprevistos. “Se o produtor contratar crédito, ou mesmo que não contrate, é necessário pensar na gestão de risco do negócio”, observa. Nesse sentido, o seguro rural é um grande aliado, pois garante a produção e o capital empregado. “Caso haja perda de produção, redução de faturamento e capacidade de honrar os compromissos, o produtor pode receber a indenização da seguradora. Existem ferramentas para levar os riscos em consideração na hora de administrar o negócio e estimulamos os produtores a adotarem esses conceitos para garantir a sustentabilidade do empreendimento”, completa Brisolara.

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