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Cooperativismo Rural: uma alternativa para alavancar pequenos e médios produtores SENAR-SP oferece cursos, incentivo e especializações.

15 de julho, 2021 - por FAESP/SENAR-SP

Ser social é algo que faz parte da natureza humana. Unir-se em grupos, realizando ações e escolhas coletivas, é uma prática conhecida desde que os primeiros seres de nossa espécie começaram a circular pelo planeta, assim garantindo sua sobrevivência. Nos dias de hoje, o homem do campo também sabe que a união em torno do cooperativismo é um excelente modelo para garantir o desenvolvimento dos negócios rurais. A união de pequenos produtores em cooperativas vem se mostrando como solução viável para vencer seus principais desafios, que são hoje a entrada de produtos estrangeiros no mercado interno, o maior poder competitivo dos grandes produtores e os altíssimos níveis de exigência do mercado alimentício.

Esses fatores impõem aos pequenos e médios agricultores a necessidade de adotar medidas estratégicas, a fim de garantir a sustentabilidade de suas propriedades rurais e o escoamento de suas produções. As cooperativas rurais representam uma opção viável, a partir do momento que oferecem o benefício de ajudá-lo em sua produção e também garantem a compra de insumos, matéria-prima e suprimentos a preços atrativos. Segundo estimativas da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), 48% do Produto Interno Bruto brasileiro advém da ação direta das cooperativas rurais, uma prova de que a ação desses grupos é, além de efetiva, essencial para os produtores de menos porte no Brasil.

Além disso, uma pesquisa feita pela Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (OCESP) mostra que, o cooperativismo paulista possui o maior número de cooperados no Brasil, com mais de três milhões de pessoas associadas. Só no segmento da agropecuária, existem por volta de 139 cooperativas, com mais de 130 mil cooperados. Esses números revelam a importância da atividade para o estado, que é cotidianamente abastecido pelos insumos advindos deste meio. Atento à importância desse segmento, o SENAR-SP incentiva pequenos e médios produtores a seguirem um caminho de transformação através das atividades rurais, pensadas de forma colaborativa, ou seja, em cooperação. Conheça dois exemplos de cooperativas, que após a especialização oferecida pela instituição, se desenvolvem e crescem cada dia mais.

Os cafeicultores de Caconde

Na Serra da Mantiqueira, fazendo divisa entre São Paulo e Minas Gerais, está Caconde, uma cidade repleta de encantos, cachoeiras, vegetação, festivais e muita cultura. Além de todo o potencial turístico, Caconde também é uma zona de terras férteis, principalmente para o cultivo do café. A estrutura fundiária do município conta com 2.303 pequenos produtores que sobrevivem das riquezas que a terra oferece.

Assim como em outras regiões, o SENAR-SP está presente na cidade, oferecendo cursos, incentivo e especializações. Foi a partir de um programa de organização comunitária no meio rural, idealizado pelo Presidente do Conselho Administrativo, Paulo de Salles Meireles, que nasceu a Cooperativa Agropecuária de Caconde e Região (COOPAC), um grupo de 20 cafeicultores que uniram forças para melhorar as condições sociais e econômicas de suas vidas.

O presidente da COOPAC, Ademar Pereira explica como isso funciona por lá. “O cooperativismo para nós não é a melhor, mas sim a única ferramenta possível quando se trata do universo de pequenas propriedades e da agricultura familiar, principalmente”. Nessa caminhada de quase sete anos, o produtor conta que a presença do Sistema FAESP/SENAR-SP continua sendo primordial para o aprimoramento dos produtores. “A cooperativa hoje tem muito mais recursos e ferramentas. Acredito que isso aconteceu devido ao acompanhamento e assistência dos programas do SENAR-SP”, completa.

A união em cooperativas torna possível também usufruir de programas estruturados pelo Ministério da Agricultura, sejam pacotes de isenção de impostos, como PIS e Confins, ou a assistência técnica coletiva aos produtores. “Temos uma transição agroecológica e buscamos a certificação orgânica da COOPAC. Essa proposta culminou no interesse da Fundação Banco do Brasil, no sentido do fomento ao alimento saudável e à sustentabilidade. Então, essas práticas receberam apoio na forma de equipamentos doados à cooperativa, como caminhão e trator. E, coletivamente, usamos essa estrutura para produzir. Quando o produtor conversa com essas instituições amparado por uma cooperativa as coisas são diferentes. É praticamente como se estivéssemos assegurando que o desenvolvimento irá acontecer”, relata Ademar.

A COOPAC possui certificados de produto orgânico em âmbito nacional, como o da IMO Control do Brasil, e internacional. “Conquistamos um certificado europeu e brasileiro referente ao café orgânico, viabilizado por meio de um programa do SENAR-SP, que ofereceu um pacote de cursos para a cultura do café. O grupo participante foi assistido de forma coletiva, o que culminou com a nossa certificação”. Diante desse histórico de sucesso, a Cooperativa continua se desenvolvendo e se destacando em seu setor.

As sete mulheres “apeixonadas” pela tilápia, de Presidente Epitácio

Sabe um daqueles dias que você olha para o funcionamento de uma determinada coisa e questiona: “isso poderia ser diferente?” Esse foi o caminho de raciocínio que fez a produtora e abatedora de proteína aquática, Katia Mastroto ter uma ideia que transformou sua vida. A mulher se diz “apeixonada” por seu trabalho de oito anos com a piscicultura. Estimulada pelo pai, Sérgio da Silva Mastroto, Katia hoje é reconhecida na região por sua empresa, que produz filés de tilápia, além do trabalho nos tanques de pesca, pela Associação dos Piscicultores de Presidente Epitácio e Região.

Em um dia como outro qualquer, Katia, dona de um olhar atento, observou que todas as vezes que retirava o filé da tilápia para a comercialização do produto uma quantidade enorme de couro era descartada. “Aquilo me parecia um desperdício e tanto. Eu pesquisei na internet para ver se dava para fazer alguma coisa com aquilo e vi que as pessoas usavam o couro para curar queimaduras. Então decidi que iria doar aquele couro”.

Prontamente, a produtora começou a pesquisar quais eram os recursos necessários para isso, mas notou dificuldades burocráticas pelo caminho. “Descobri que não podia doar esse tipo de produto, porque a minha empresa precisava ter registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), que é responsável por assegurar a qualidade do produto de origem animal em escala nacional. Eu só possuía o certificado municipal e foi quando eu encontrei a possibilidade de curtir o couro e comercializar”.

Munida da força de um sonho, a produtora resolveu ampliar a proposta e começou a convocar uma rede auxiliadora para fazer o negócio dar certo. Assim nasceu a Cooperativa de Trabalho de Presidente Epitácio, Mulheres à Frente – SP (Coopemaf). “Os encontros entre nós começaram quando o Sebrae-SP me chamou para fazer um curso. No final, eu falei para minha professora que tinha um sonho de trabalhar com o couro da tilápia e abrir uma cooperativa. Ela me apoiou e disse que se essa ideia permanecesse, me acompanharia no processo. Logo depois, fiz um curso no SENAR-SP, onde conheci a Silvana. Contei sobre o meu sonho e ela me deu um empurrão que foi essencial. Ela me disse: “‘É isso que você quer? Então vamos fazer agora!'”.

Pouco a pouco, Katia convocou as profissionais que admirava – Vera Lucia Pereira, Ariene Cristina Silva Inácio, Marlene Jovelita de Lima Guimarãe, Marly Jovelita de Lima, Silvânia Briganó e Kathia Nogim – e juntas formaram a cooperativa composta por sete mulheres. “Sabemos que, com o passar do tempo, vamos precisar de mais pessoas. Mas determinamos que em nossa cooperativa só entram mulheres”, diz Kátia, disposta a mostrar o poder feminino nesse tipo de empreendimento.

Com as ideias e perspectiva já alinhadas, falta só uma coisa para o trabalho começar: um curso oferecido pela Faculdade de Paranaguá, no Paraná, que já era para ter iniciado em março de 2020, mas foi interrompido pela pandemia de Covid-19, atrasando os planos do grupo. “Já está tudo certo para começar, mas fazemos questão deste curso, principalmente porque queremos ser sustentáveis na nossa prática. Essa especialização nos ensinará a curtir o couro da tilápia sem química, além de ampliar nossa visão para outras formas de reutilização consciente das águas, energia, entre outros recursos”. Com o entusiasmo expresso em cada palavra, Katia e a Coopemaf, são as provas vivas de que sonhar e ir atrás dos meios para realizar esse sonho é a receita certa para o sucesso.

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