Bovinocultura de corte: Cenário de alta demanda com escassez de oferta
O Brasil continua como grande fornecedor de carne bovina de qualidade e com preços competitivos. Do ponto de vista da demanda, no mercado externo a China continua forte na importação da carne brasileira, que segue afetada pelo surto da peste suína clássica que tem elevado as negociações de proteínas de origem animal, sobretudo suína e bovina. Prevê-se também um aumento nas compras proveniente de diferentes compradores, como Oriente Médio e, inclusive, os EUA, que recentemente liberou a importação de carne bovina brasileira in natura. A afirmação é de Cyro Penna, coordenador da Comissão de Bovinocultura de corte da FAESP. Pela atual menor oferta de carne bovina nos EUA, tradicionais clientes do “Tio Sam” devem se socorrer da carne brasileira. Soma-se a isso a recente e grande desvalorização do Real, o que torna ainda mais competitiva a nossa carne.
Diz que, no mercado interno, o consumo dependerá do poder de compra dos brasileiros, principalmente pela recessão econômica e desemprego que prometem vir em decorrência da grave crise da pandemia do coronavírus.
“Do ponto de vista da oferta, no mercado externo temos um menor volume de carne bovina disponível proveniente de importantes produtores, como Índia, Austrália e EUA.” A Índia enfrenta dificuldades na produção e no abate de búfalos devido ao Covid-19, a Austrália ainda não recompôs o seu rebanho em função de grandes perdas pelas recentes secas e grandes enchentes, enquanto os EUA fecham plantas frigoríficas em função da contaminação de seus funcionários. Segundo Penna, no mercado interno espera-se a manutenção da restrição de oferta de animais prontos para abate devido ao ciclo pecuário (menor oferta de fêmeas) aliada a um aumento nos custos de produção sobretudo nos sistemas intensivos e a um estoque menor pelos recentes recordes de exportação de carne bovina brasileira.
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O mercado segue estável, com as exportações sendo as principais responsáveis pela manutenção dos preços em patamares de R$ 200 por arroba. A exportação vem respondendo por mais 30% do que é abatido no Brasil, sendo que em anos anteriores representava uma média de 25%. Os valores de exportação em 2020, por tonelada de carne, estão, em média, 17,8% superiores ao mesmo período de 2019.
Ainda com a oferta de boi restrita, os preços da arroba bovina não disparam devido à redução da demanda pela carne ocasionada pela crise da Covid-19, além da elevação de preços no varejo.
Em São Paulo, a cotação para animais destinados ao mercado interno está no patamar de R$ 185, enquanto nos demais estados, em média, fica próxima à R$ 175. Esses valores preocupam os produtores, principalmente recriadores e terminadores, devido aos recentes aumentos no custo de produção.
Enquanto isso, as indústrias vêm seguindo as recomendações dos Ministérios da Agricultura e da Saúde para manter as operações de abate dentro da normalidade.
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