Agroturismo valoriza a cultura local e cria oportunidades econômicas
Curso de Turismo Rural oferecido pelo Sistema FAESP/SENAR-SP já atendeu quase 20 mil participantes em todo o Estado de São Paulo.
Conhecer novas culturas, lugares, estar em contato com a natureza e com pessoas diferentes. Para quem gosta de viajar, não tem nada mais satisfatório do que isso. A prática do turismo rural é um dos meios mais rápidos para viver estas experiências. Melhor ainda quando se sabe que em todo o Estado de São Paulo existem inúmeras atrações e paisagens a serem desbravadas.
Também chamado de agroturismo, esse tipo de viagem, como o próprio nome diz, está ligado ao cenário rural, aproximando o turista da vida no campo. A ideia é valorizar a cultura local, mostrando a importância das atividades agropecuárias e de quem está por trás delas. Além de ser uma importante atividade econômica, contribuiu para evitar o êxodo rural, fixando as pessoas nessas localidades.
“O turismo rural também contribui para o desenvolvimento cultural da cidade, mantendo vivas as tradições e fortalecendo a união familiar no campo”, explica Solange Mota, do Sindicato Rural de São Bento do Sapucaí, uma das principais potências do agroturismo de São Paulo.
Localizada na Serra da Mantiqueira, a cidade encontrou no incentivo ao turismo rural um caminho para o seu desenvolvimento econômico, social e ambiental, valorizando o que tinha de melhor. “Os produtores da região conseguem manter sua rotina e agregam novos valores aos seus produtos, complementando a renda familiar.” Assim, São Bento do Sapucaí se tornou famosa por suas cachoeiras, fazendas e gastronomia, oferecendo diversas opções de passeios ao ar livre.
Outra cidade que se destaca nesse circuito é Jundiaí. Com cafés coloniais e opções de visita a plantações, o munícipio fez da vida no campo, das tradições e da história o seu grande atrativo. “Diversas pessoas encontraram uma nova fonte de renda com a criação de negócios turísticos. O Circuito das Frutas, por exemplo, tem desempenhado um papel fundamental na economia local”, comenta José Valdemarin, do Sindicato Rural local.
Programa Turismo Rural
O Sistema FAESP/SENAR-SP tem desempenhado um papel fundamental para o desenvolvimento dessa atividade no Estado de São Paulo. O curso de Turismo Rural é oferecido desde 2006, contendo módulos que vão desde estudos sobre oportunidade e potencial de negócios até hospedagem, sustentabilidade e atendimento ao cliente. Já são mais de 19 mil participantes, com média de 60 municípios atendidos por ano.
A principal ideia é capacitar as pessoas que vivem no campo para que possam desenvolver suas propriedades rurais, usando a cultura regional e os próprios produtos como chamariz para seu crescimento econômico e social.
“Esse trabalho de capacitação do SENAR-SP é feito de maneira muito competente. Devemos considerar o incentivo do poder público junto à governança local contribuindo para o aprimoramento da infraestrutura e da gestão participativa”, expressa Valdemarin.
Além do curso de Turismo Rural, há outros que são realizados com frequência, como: Monitoria na Propriedade de Turismo, Promoção e Comercialização de Turismo, Turismo Pedagógico e Turismo – Comercialização. Todos são voltados para o desenvolvimento do agroturismo, pensando em maneiras de ajudar os moradores da zona rural a implementarem esse tipo de negócio.
Reinventando negócios
Durante o ano de 2020, com a pandemia de covid-19, muitas propriedades rurais encontraram dificuldades em manter o circuito de turismo, o que provocou mudanças na economia. “A principal dificuldade trazida foi o fechamento dos estabelecimentos. Como não era possível receber turistas, não havia como os fazendeiros venderem seus produtos,” ressalta Solange.
Uma vez que precisaram seguir a medidas sanitárias determinadas pelos Secretaria Estadual de Saúde, os empresários procuraram reinventar seus negócios. Em Jundiaí, por exemplo, o poder público e o Polo Turístico do Circuito das Frutas se uniram aos moradores da região para criar protocolos que minimizassem os riscos de contágio.
Os próprios visitantes se sensibilizaram com o tema e passaram a viajar em veículos próprios, de maneira autônoma, respeitando as normas de distanciamento social e o uso de máscara em locais públicos. O que não se esperava, era que o segmento de turismo rural encontrasse aí uma oportunidade de crescimento, ajudando as pessoas.
“Muita gente veio para a área rural por conta do home office, fugindo das aglomerações urbanas e procurando contato direto com a natureza”, diz Valdemarin. O ambiente aberto e o menor fluxo de pessoas no campo se tornaram um caminho para atrair novos viajantes. Como consequência, os produtores locais voltaram a encontrar espaço para seus produtos, melhorando a cultura regional.
Anualmente, o Sindicato Rural de Jundiaí, por meio do SENAR-SP, desenvolve o Programa de Capacitação em Turismo Rural nos municípios que fazem parte da extensão de base. Além disso, cursos pontuais complementares também são oferecidos, como a ação de monitoria na propriedade, turismo pedagógico e, por fim, promoção e comercialização de destinos turísticos no meio rural.
Já em São Bento do Sapucaí, os principais cursos, além do Programa de Turismo Rural, são voltados para a produção local, como é o caso dos módulos de Apicultura, Olericultura Orgânica e Bordando e Tecendo a Arte no Meio Rural. “Esses cursos ajudam a desenvolver a mão de obra no município e, como consequência, melhoram a vida de muitos produtores e trabalhadores rurais que se lançam no mercado por meio dessas aulas”, finaliza Solange.
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