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Agropecuária brasileira é peça-chave para combater insegurança alimentar do planeta

24 de fevereiro, 2022 - por FAESP

Fábio de Salles Meirelles*

Dois estudos recém-divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertam para a fragilidade da segurança alimentar no planeta. O primeiro revela que três bilhões de pessoas não podem pagar uma dieta efetivamente saudável. Outro bilhão seria incluído nesse contingente se a persistente crise atual provocar redução de um terço em sua renda atual. O Brasil, protagonista mundial da produção de alimentos, bem como de insumos agroindustriais, é fundamental para combater o problema. Portanto, é preciso reduzir os riscos inerentes à agropecuária brasileira.

O segundo relatório – O Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI) – revela que a fome atinge 811 milhões de pessoas, com graves consequências para a infância. Cerca de 22% das crianças foram afetadas pela subnutrição na pandemia. Mais de 149 milhões de menores de cinco anos sofriam de atraso de crescimento ou tinham baixa estatura para sua idade e aproximadamente 45 milhões estavam debilitadas ou muito magras para sua altura, a partir de 2020.

Diante desse quadro, o primeiro estudo, intitulado Estado Mundial da Agricultura e da Alimentação 2021 (SOFA), recomenda que os países tornem seus sistemas agroalimentares mais resistentes a choques repentinos, como o provocado pelo novo coronavírus. De fato, é fundamental estar preparado para contingências, pois, conforme pondera a FAO, choques imprevisíveis continuarão a causar danos nos sistemas agroalimentares. Por isso, corroborando a preocupação do organismo da ONU, é preciso que todos tenham aprendido com as duras lições da pandemia que ainda estamos enfrentando.

Segundo a FAO, os sistemas agroalimentares globais produzem 11 bilhões de toneladas de alimentos anualmente e empregam milhões de pessoas, direta ou indiretamente. É fundamental e urgente fortalecer sua capacidade de resistir a choques.

E o Brasil é peça-chave deste imenso quebra-cabeça, desde que sejam tomadas as medidas necessárias para o setor. Por isso, temos insistido na necessidade de ampliar o crédito rural, com juros mais baixos, lembrando que os recursos do Plano Safra 2022, embora tenham aumentado em termos nominais, são insuficientes para atender integralmente à demanda.

Também temos sugerido e reivindicado medidas pontuais para fazer frente às emergências, como a crise hídrica, geadas, seca e incêndios, que afetaram nosso setor no Brasil em 2021, agravando as dificuldades provocadas pela pandemia.

À União, pedimos linha de crédito de recuperação de cafezais danificados, disponibilizada com recursos do Funcafé, e criação de outra, com prazo de reembolso e condições facilitadas, para viabilizar a recuperação da estrutura produtiva e manutenção das atividades agropecuárias atingidas pelas intempéries.

Ao governo paulista, reiteramos a necessidade de suplementação da subvenção ao prêmio do seguro rural, pleiteando R$ 100 milhões, prorrogação das parcelas dos financiamentos vigentes com recursos do Fundo de Expansão do Agronegócio e criação de linha de crédito emergencial para recuperação da estrutura produtiva e manutenção das atividades agropecuárias atingidas pelas geadas.

Também defendemos com firmeza a agropecuária nacional dos infundados ataques, como o embargo chinês e ameaças da União Europeia, já superados, e comemoramos duas vitórias: o atendimento, pelo Governo Federal, do pedido de nossa entidade para estender até 31 de dezembro de 2021 o prazo para vacinação dos rebanhos bovinos e bubalinos paulistas contra a febre aftosa; aprovação, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, da lei que reduz a burocracia para a produção de produtos artesanais, para os quais também pedimos a isenção do ICMS.

No contexto da lúcida recomendação da FAO sobre a necessidade urgente de ampliar a resiliência dos sistemas agroalimentares, cabe ressaltar a capacidade de superação e resistência dos produtores rurais brasileiros, que não deixaram de trabalhar um único dia em toda a pandemia, garantindo a produção e o abastecimento dos mercados interno e externo. Porém, a contrapartida do poder público é sempre importante, como demonstram com clareza as estatísticas e recomendações do organismo multilateral da ONU.

Fábio de Salles Meirelles é o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP).

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    Comentários

    1. Antônio Ginack Júnior disse:

      Matéria fantástica. Sempre pensei assim também.
      Esta semana tomei uma grande decisão, vou colocar 50% de minhas pastagem para produção de capim em grande escala. Capiaçu.
      Creio que não teremos condições de criar gado na horizontal então estou partindo para produção vertical. Assim terei mais condições de alimentação para triplicar a lotação.
      A disputa no estado de SP entre bovinos, cana, amendoim, seringueira e outras culturas esta ficando apertadussina.
      Temos grande extensão territorial mas produzir para humanos e para animais que irão alimentar humanos está se tornando um desafio cada dia mais tecnológico.
      Além da eficiência e da eficácia temos o fator clima em nossas tomadas de decisões.

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