Agronegócio: balanço e perspectivas
Fim de ano, hora de fazer um balanço dos fatos e números, avaliar as oportunidades, dificuldades e traçar perspectivas e estratégias para o agronegócio em 2018.
No campo político, acusações e denúncias envolvendo membros do Legislativo e do Executivo trouxeram turbulência, tensão entre os Poderes, além de descrença na classe política e reflexos negativos na economia.
Houve avanços na economia, mas 2017 poderia ter sido mais positivo não fossem as incertezas sobre a continuidade do Governo. Os indicadores registraram melhoria, com a redução da inflação e da taxa de juros (Selic), a elevação da atividade industrial, das vendas no varejo e sólida expansão do PIB da agropecuária, ponto de referência da nossa economia.
A retomada dos investimentos e o reaquecimento no mercado de trabalho sinalizam um cenário mais favorável para 2018, com expansão do PIB de 2% a 3%. Devemos lembrar que o desequilíbrio das contas públicas persiste em curto prazo, mesmo com a eventual aprovação da reforma da previdência, exigindo austeridade fiscal.
O agronegócio foi impactado pela redução dos recursos do crédito rural, menor equalização das taxas de juros e por contingenciamentos em programas do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Com todas as dificuldades, a safra 2016/17 foi positiva em termos quantitativos, mas aquém do esperado em relação aos preços das commodities. A produção de grãos alcançou 238 milhões de toneladas, acréscimo de 28% em relação a 2017, estabelecendo um novo recorde histórico.
O segmento de proteína animal sofreu prejuízos com a operação “carne fraca”, que resultou em embargos e diminuição das exportações, além de macular a imagem do Brasil e provocar questionamentos sobre a atuação do Sistema de Inspeção Federal (SIF), que agora terá de ficar mais alerta para recuperar sua credibilidade.
Merecem destaque as exportações agregadas do agronegócio que devem se aproximar de US$ 100 bilhões, com crescimento de 14%, recolocando o superávit setorial no patamar dos US$ 80,00 bilhões. Segundo o CEPEA/ESALQ, esses números garantiram um crescimento de 3,6% no PIB do agronegócio, evidenciando a grande força do setor.
Mas a maior contribuição do setor foi a ancoragem da inflação. De janeiro a novembro, o segmento de alimentação e bebidas teve variação de – 2,32% no IPCA/IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, enquanto o índice geral registrou inflação de 2,80%. Como a alimentação tem maior participação no orçamento das famílias de baixa renda, o efeito da deflação dos alimentos no bem-estar dos brasileiros foi significativo.
Em síntese, a avaliação geral do Agro é positiva, apesar do impacto negativo da operação “carne fraca”, da intranquilidade gerada pelo julgamento do Funrural no STF – Supremo Tribunal Federal e da ameaça ao Código Florestal, em ADIs – Ações Diretas de Inconstitucionalidade que tramitam no mesmo tribunal.
Outra preocupação emergiu no Senado com a tramitação da PEC nº 37/2007, que objetiva extinguir a Lei Kandir e restabelecer a tributação de ICMS na exportação de produtos primários. Se essa medida for aprovada será um retrocesso sem igual, pois reduzirá nossa competitividade.
A agenda do setor no próximo ano terá temas polêmicos e de grande repercussão. Além dos acima mencionados, estarão em pauta: recursos para o crédito e seguro rural, defesa da concorrência, reforma tributária, infraestrutura e logística, armazenagem e defesa sanitária, além de outros por segmento de produção, a exemplo da RenovaBio e Consecana no sucroenergético.
Os assuntos apontados e outras questões de interesse da agropecuária serão discutidos e aprofundados no primeiro semestre de 2018, a fim de apresentar aos candidatos a cargos federais e estaduais no Legislativo e Executivo propostas para o fortalecimento do agronegócio nacional, em todo seu mister, no suprimento de alimentos, fibras e energia.
Reiteramos que o Sistema FAESP/SENAR/Sindicatos Rurais, em colaboração com a CNA, permanecerá atento às dificuldades e pronto para atuar em questões que coloquem em risco os empreendimentos rurais.
Com referência às perspectivas para 2018, seremos cautelosos, considerando condição climática mais desfavorável e preços estáveis, a julgar pelos quadros de oferta e demanda que se projetam neste momento. Contudo, a agropecuária e o agronegócio não se furtarão de continuar contribuindo com a segurança alimentar e com o desenvolvimento do Brasil.
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