Agricultores aprendem sobre produção e colheita de shimeji em curso do SENAR-SP
O estado de São Paulo concentra a maior produção de cogumelos do Brasil e, portanto, há uma grande demanda em todo o Estado pelo curso de Produção e Colheita do Shimeji do SENAR-SP. O cultivo é feito, em especial, por pequenos e médios produtores e a disseminação do alimento se deu, principalmente, após a expansão e popularização de restaurantes japoneses no país.
Graças a essa grande demanda, o consumo do alimento fica cada vez mais em alta e vem auxiliando os produtores rurais que participaram do curso em todo o Estado a conquistar resultados relevantes em termos de geração de renda e qualidade do alimento.
O crescente interesse dos brasileiros pela cozinha asiática em geral trouxe às panelas e aos pratos os cogumelos frescos. A expansão dos programas de culinária nas emissoras de televisão e redes sociais usando, abusando e divulgando os valores nutricionais do alimento, também ajudou o cogumelo in natura, como o shimeji, a se tornar mais conhecido no Brasil. O seu valor gastronômico fez com que o consumo aumentasse nos últimos anos, e essa ampliação do mercado levou o SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste) e o SENAR-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) a promover em Birigui, interior do Estado, o curso Produção e Colheita de Shimeji.
Em 24 horas/aula dividas em três dias, 10 produtores rurais da região tiveram acesso a todo o processo de produção do cogumelo, tanto teórica quanto prática. A ação foi ministrada pelo instrutor Waldir Vieira, um dos três profissionais que desenvolveu o curso e a cartilha sobre o assunto para o SENAR-SP. “Atualmente, tem muita gente que só acompanha o crescimento do cogumelo e faz a colheita. Aqui, no curso, a gente ensina desde a formulação do substrato, passando por todos os outros processos que envolvem a produção do shimeji, como a inserção da semente no substrato, frutificação, colheita e embalagem”, explica Vieira.
O método disponibilizado no curso é artesanal, com a utilização de equipamentos, ferramentas e matérias-primas de baixo custo e modernas técnicas de produção. Todo o processo é devidamente controlado visando à produtividade.
Mercado
A Associação Nacional dos Produtores de Cogumelos (ANPC) vem realizando ações para aumentar a produção e consumo, fazendo com o Brasil passe a ter relevância no contexto global. A entidade ataca em várias frentes para tornar o mercado mais competitivo e os preços do produto mais em conta, com o estímulo aos investimentos em tecnologia e o incentivo ao consumo do produto in natura. O mercado de fungos movimenta US$ 35 bilhões no mundo ao ano. A expectativa é de que o negócio cresça 9% até 2021.
A China lidera a produção mundial de cogumelos, seguida pela Itália, Estados Unidos e Holanda. O consumo per capita no país asiático também é o maior do mundo, com oito quilos anuais, por habitante. No Brasil, a média anual é de apenas 160 gramas, bem abaixo de países europeus, como a Alemanha, que consome quatro quilos, França (dois quilos) e Itália (um quilo e trezentos gramas). Quanto mais os brasileiros conhecem as propriedades nutricionais e medicinais do alimento, mais se tornam boas as perspectivas do produto no mercado interno.
“No Brasil, o consumo do cogumelo cozido é maior do que o de cogumelo fresco, mas a aceitação do produto in natura – como o shimeji – é muito boa, à medida que as pessoas conhecem mais o alimento”, explica o engenheiro agrônomo Daniel Gomes, vice-presidente da ANPC. Os maiores produtores de cogumelos shimeji no Brasil estão em São Paulo. Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) indicam que, no Estado, são produzidas cerca de seis mil toneladas de cogumelos.
Benefícios e história
São grandes os benefícios do consumo de cogumelos. Pesquisas indicam que o produto é rico em proteínas, vitaminas B e C, fibras e sais minerais (fósforo, potássio, cálcio, sódio e ferro), além de aminoácidos. “Em 100 gramas de cogumelos da espécie champignon, por exemplo, existem de 34% a 36% de proteínas, enquanto, nessa mesma quantidade de carne bovina, são 14% de proteínas”, compara a bióloga Arailde Fontes Urben, pesquisadora Ph.D da área de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Além de ser um alimento completo, tem propriedades farmacológicas diferenciadas, com reconhecido valor medicinal.
Registros históricos dão conta de que o cultivo de fungos é tão antigo quanto à própria agricultura. Na história da China, há relatos de cultivo do fungo para a alimentação entre 5.000 e 4.000 a.C. No país asiático também se originaram 10 espécies de cogumelos, que estão entre as mais cultivadas do mundo. A partir da década de 80, as universidades de agronomia e escolas técnicas priorizaram curso sobre cogumelos comestíveis e, durante uma década, a produção do fungo foi prioridade no programa de desenvolvimento do país.
Créditos/Fotos: Marcelo Teixeira
SIRAN (Sindicato Rural de Alta Noroeste) – Araçatuba (SP)
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