Soja mantém produção recorde, mas cai o volume total da safra de grãos
Impacto da seca, crise hídrica e geadas é grande nas lavouras de todo o Brasil. Produção paulista foi atingida fortemente.
Com base no 11º Levantamento da Safra 2020/2021 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) produziu relatório sobre o desempenho do setor, tendo como referência os dados deste mês de agosto. “Constatamos nova redução das estimativas de colheita de grãos, cuja produção deverá alcançar 254 milhões de toneladas, volume 1,2% inferior ao da temporada 2019/2020”, salienta o presidente da entidade, Fábio de Salles Meirelles.
“Apesar do recuo das estimativas, o setor agrícola continua desempenhando papel fundamental para a economia brasileira, garantindo a segurança alimentar, fomentando as exportações e a balança comercial e proporcionando o ingresso significativo de divisas, na esteira do boom das commodities, nas quais ocupamos posição de vanguarda mundial”, enfatiza o presidente da Faesp.
Em comparação ao levantamento anterior, houve redução de 6,8 milhões de toneladas. Isso se deve às perdas observadas nas culturas de segunda safra, sobretudo no milho, em função dos prejuízos causados na lavoura em decorrência de eventos climáticos como a seca prolongada e as geadas ocorridas recentemente. Anteriormente prevista em 66,97 milhões de toneladas, a produção de milho segunda safra deve agora alcançar 60,3 milhões de toneladas, registrando queda de 10% frente à estimativa do último levantamento e de 19,6% em comparação à última safra.
“Por outro lado, mantém-se a expectativa de produção recorde para a soja, que deve somar 136 milhões de toneladas”, relata Meirelles, explicando: “Embora os eventos climáticos tenham afetado a qualidade de alguns lotes colhidos, não foram suficientes para a quebra de safra, mantendo-se as estatísticas positivas e incremento de 8,9% na produção frente ao volume colhido na safra 2019/2020”.
As culturas de inverno já se encontram estabelecidas, estimando-se aumento de 12,2% na área plantada. Vale destacar que o incremento na área cultivada com trigo foi ainda maior, de cerca de 15%. Na previsão inicial para as lavouras de inverno, são previstas 10,2 milhões de toneladas, crescimento de 35% ante os resultados da última temporada. Contudo, as condições climáticas entre agosto e setembro é que definirão projeções mais precisas.
O desempenho de São Paulo
Os problemas climáticos ocorridos no Estado de São Paulo, como ocorreu em outra regiões brasileiras, principalmente o prolongamento da escassez hídrica e a recente geada que atingiu diversas regiões produtoras, causaram prejuízos significativos nas lavouras de milho segunda safra. Com isso, as estimativas para a produção paulista de grãos foram reduzidas a 8,65 milhões de toneladas, volume 6,1% ou 563,4 mil toneladas inferior às previsões do último levantamento e 6,5% menor do que o colhido na safra passada.
Em comparação com o relatório anterior, a produção paulista de milho segunda safra foi reduzida em 27,2%, passando de 1,96 milhão de toneladas para 1,43 milhão de toneladas. Tal resultado significa queda de 39% em relação aos volumes obtidos na safra 2019/20. A produção de trigo também foi seriamente afetada pelas geadas, principalmente nas regiões mais ao sul do Estado. Com isso, teve suas estimativas encolhidas de 274 mil toneladas para 257 mil toneladas, redução de 6,2% frente ao previsto no relatório anterior e de 6,0% em comparação aos resultados do último ciclo.
Com as lavouras em fase de maturação e colheita, as geadas também atingiram o feijão terceira safra, que, embora não tenha uma produção tão significativa em termos de volume para o Estado de São Paulo, sofreu quebra de 19,2% frente à previsão do 10º levantamento, devendo alcançar 31,9 mil toneladas na safra 2020/21. “Entretanto, como no contexto nacional, as expectativas para a produção de soja mantêm-se em nível recorde e no mesmo patamar do relatório anterior: 4,3 milhões de toneladas, representando incremento de 8,6% frente ao volume colhido na última temporada”, ressalta o presidente da FAESP.
Meirelles observa ser importante destacar que a avaliação dos impactos causados pela geada pode não ter sido tão precisa, tendo em vista a proximidade dos eventos com a data de realização das análises em agosto. O próximo levantamento da Conab deverá apresentar estimativas mais assertivas sobre a quebra da produção, especialmente do trigo e milho safrinha.
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