Produção de trigo paulista volta a crescer
Após queda em 2021, safra atual já superou o volume produzido em 2020 e as estimativas são positivas indicando uma produção recorde
O último relatório elaborado pelo Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), a partir de dados do 10º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mantém a expectativa de crescimento da safra paulista de trigo em 2022. As projeções indicam uma produção de 283,3 mil toneladas, incremento de 11,3% frente aos resultados de 2021, quando o Estado produziu 254,6 mil toneladas. Estiagem, geadas e crescimento dos custos provocaram a queda da produção em 2021; em 2020 foram produzidas 273,6 mil toneladas.
Neste ano, a área plantada com o grão no Estado soma 95,7 mil hectares, aumento de 11,28% em comparação a 2021, e a produtividade média esperada mantém-se em 2.960 kg por hectare. Os produtores conseguiram superar as adversidades climáticas do outono, época de plantio do grão, e agora têm boas perspectivas para a colheita que se inicia em agosto e vai até novembro. Se as condições climáticas se mantiverem favoráveis, apesar do último levantamento da Conab ter reduzido em 11,6 mil toneladas a produção, a expectativa de uma safra 2022 recorde de trigo no Estado de São Paulo deve se confirmar.
Os altos custos, em especial, o preço de defensivos agrícolas e fertilizantes, são os principais entraves para que a produção paulista alcance números cada vez mais expressivos. É o que afirma Marcio Antonio Vassoler, coordenador técnico da Comissão de Grãos da FAESP. “O preço do diesel também tornou complicada a vida do agricultor. Temos ainda o desafio das mudanças do clima ao longo do ciclo produtivo da lavoura, especialmente as geadas. Felizmente não temos no momento uma previsão de frio muito intenso”, diz. Com a crescente demanda, segundo ele, o produtor é remunerado com preços justos. “O trigo se tornou uma boa opção para o agricultor que trabalha com outras culturas, como feijão ou o milho safrinha”, destaca.
Vassoler não tem dúvida de que os agricultores estão preparados para aumentar a produtividade, a fim de atender à crescente demanda do cereal por parte dos moinhos de São Paulo, que são o principal destino da produção dos campos paulistas. “O produtor consegue fazer a sua parte”, afirma. E a FAESP, segundo ele, vem colaborando por meio de informações e relatórios sobre a evolução do mercado.
Vale lembrar que além do “consumo humano”, a indústria de proteína animal também é um importante consumidor de trigo para alimentação das criações. Preços atrativos do grão, aumento da demanda internacional e o clima favorável formam um contexto vantajoso para o produtor paulista.
São Paulo ocupa a quinta posição dos estados com melhor desempenho no cultivo trigo. Em primeiro lugar está o Rio Grande do Sul, com 3,94 milhões de toneladas, seguido do Paraná com 3,88 milhões, Santa Catarina com 349 mil e Minas Gerais com 295 mil.
Projeção de crescimento também para a safra brasileira
No cenário nacional, a produção de trigo também tem expectativa de aumento, com a safra avaliada para este ano 17,61% superior em comparação a do ano passado. A previsão é de que a colheita de 2022 chegue a um volume recorde de 9,03 milhões de toneladas em todo o Brasil.
Ainda há espaço para o crescimento da produção, pois há uma forte demanda, tanto do mercado nacional quanto do exterior. O Brasil importa anualmente cerca de 6,5 milhões de toneladas de trigo para suprir o consumo interno. Os preços internacionais dobraram desde o início da pandemia de Covid-19, e o grão se tornou bastante rentável, o que estimula o investimento para ampliar a produtividade das lavouras, afirmam agentes do setor.
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