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Impactos econômicos e sociais da COVID-19 na área rural

22 de junho, 2020 - por FAESP/SENAR-SP

Uma pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo trouxe um retrato do impacto da pandemia do Novo Coronavirus para os pequenos produtores. O perfil analisado produz em área de até 4 módulos fiscais, utiliza predominantemente mão-de-obra familiar, e ainda possui renda majoritariamente da terra.

Entre os dias 11 e 14 de maio, 1.166 produtores foram ouvidos em várias regiões do Estado por técnicos da Secretaria. Os participantes foram escolhidos de forma randômica, por sistema informatizado, entre os mais de 110 mil agricultores com o mesmo perfil. A amostragem representa 1% do Estado, respeitando-se o mínimo de pelo menos uma entrevista em cada um dos 640 municípios que têm agricultor com esse perfil.

O questionário foi um aprimoramento do levantamento anterior e desenvolvido de maneira a abranger cinco aspectos da vida do agricultor: produção, renda familiar, saúde, modo de vida e auxílio emergencial, e crédito rural.

“O Relatório foi a consolidação de uma primeira pesquisa, realizada em abril, que entrevistou o mesmo número de produtores e foi utilizada para nortear as políticas públicas implantadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento não só durante a crise, mas também está servindo como farol para pensarmos em programas que sejam sustentáveis após esse período”, afirma o secretário Gustavo Junqueira.

Produção

As atividades que estão presentes com maior frequência nos estabelecimentos dos produtores entrevistados são a olericultura (37%), bovinocultura (28% leite e 26% corte) e fruticultura (19%). Interessante destacar que tanto a produção de hortaliças com a criação de gado de leite são mais baratas, com ciclos mais curtos, feitas em espaços menores e não dependem de tecnologia.

Já os canais de comercialização mais utilizados pelos produtores foram, respectivamente, a agroindústria, intermediários, venda direta ao consumidor e mercado local/regional.

O canal de comercialização “compras públicas” foi mencionado por apenas 8% dos produtores – o que era esperado, devido à paralisação desta modalidade em função principalmente da suspensão das aulas. É interessante destacar que a maioria dessas pessoas (86%) também relatou que houve redução significativa no volume de vendas de sua produção – o que pode relevar uma dependência por este tipo de canal de escoamento, em detrimento de outras vias de comercialização.

De todos os entrevistados, pouco mais da metade dos produtores mencionou que houve queda no volume de comercialização de seus produtos, 43% reclamaram sobre queda nos preços de venda, e 68% apontaram que houve aumento do preço de insumos.

Renda Familiar

A maioria dos produtores relatou queda na renda. Entre as sondagens ocorreu aumento no número de relatos com queda na renda inferior a 50%.

A principal causa da queda na renda deve-se à redução no volume de vendas, o que ocasionou o corte de gastos para manutenção da família como energia elétrica, água e alimentos.

Saúde

Em relação à saúde e às fontes de informação mais utilizadas pela população rural durante a pandemia, 89% relatou usar a televisão como canal de informação, 36,5% por sites de internet, 36% por whatsapp de familiares e 27% através de rádio.

Importante destacar que apenas 8% dos produtores afirmaram consultar os canais oficiais dos órgãos de comunicação para se informar.

Quando questionados se havia alguém do chamado grupo de risco na família, 72% responderam positivamente. Desse total, 83% são idosos, 37% hipertensos e 22% diabéticos.

A pesquisa também perguntou se o agricultor tinha conhecimento de pessoas contaminadas por COVID 19 nos seus municípios. Do total, 35% afirmaram serem casos de pessoas conhecidas, amigos próximos ou familiares.

71% dos entrevistados demonstrou compreender as formas de contágio, enquanto 20% demonstraram ter conhecimento parcial e 9% demonstraram compreender pouco ou não saber sobre o assunto.

Comparando o resultado dos dois levantamentos, em abril e maio, foi observado um aumento nos relatos de casos de coronavirus nos municípios, no entanto foi observada também melhoria no nível de conhecimento sobre a doença.

Modo de Vida

A pesquisa também quis saber como está o modo de vida do pequeno produtor durante a pandemia e quais foram os impactos do distanciamento social nas suas rotinas. Do total, 95% dos entrevistados informou estar cumprindo isolamento social. Quase a metade, ou seja, 44% informaram estar impactados pela suspensão das aulas dos filhos. E cerca de 5% do total de entrevistados informaram aumento de brigas e discussões na família ou aumento do consumo de bebidas alcoólicas.

Auxílio emergencial e crédito rural

Observou-se um aumento significativo no número de agricultores que se inscreveram no Auxílio Emergencial. Este aumento se deve, provavelmente, à efetivação das inscrições dos produtores que tinham a pretensão de fazer o cadastro e também à inscrição de alguns produtores que não tinham interesse.

Nesta 2ª Sondagem observou-se um pequeno aumento na demanda por Crédito Emergencial quando comparado à 1ª Sondagem, por outro lado, diminuiu o número de entrevistados que dizem não saber se precisarão de Crédito Emergencial.

A porcentagem de entrevistados que declararam não ter interesse em Crédito Emergencial permaneceu inalterada entre as duas Sondagens. A faixa de 10 a 50 mil reais continua sendo a mais desejada.

Tais sondagens visam conhecer como a pandemia vem afetando a vida dos produtores rurais para que se possam sugerir ações de auxílio ao produtor nessa fase tão diferente da vida antes da COVID-19.

A intenção desta publicação, assim como da anterior, foi apresentar um cenário mais geral, no âmbito do Estado. Mas segundo o coordenador da CDRS, engenheiro agrônomo José Luiz Fontes, a ideia é elaborar Notas Técnicas Regionais com o intuito de compreender as eventuais diferenças regionais ou mesmo locais que permitam perceber, em maior nível de detalhe, questões e relações entre variáveis que não puderam ser visualizadas em nível estadual. “Cada região tem um histórico de uso e ocupação do solo e de desenvolvimento econômico e, por conseguinte, influi nas cadeias produtivas que se desenvolveram. Por essa razão, as diferentes regiões também podem estar absorvendo de forma diferente os impactos sociais e econômicos trazidos pela pandemia da COVID-19”, afirmou Fontes.

Tal como a primeira sondagem, esta segunda sondagem gerou a Nota Técnica 2/2020, a qual também está disponível para consulta aos interessados no site www.cdrs.sp.gov.br.

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